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Sem acordo, maiores preocupações são "orçamento e políticas estruturais"

Francisco Louçã comentou os resultados eleitorais e a não existência de uma Geringonça 2.0.

Sem acordo, maiores preocupações são "orçamento e políticas estruturais"

Francisco Louçã analisou os resultados eleitorais e as suas consequências no comentário habitual das sextas-feiras na SIC Notícias. O comentador começou por referir que "há algumas diferenças em relação às legislativas de 2015" mas que estas "não são enormes"

Quanto ao anúncio do fim da Geringonça, Louçã destaca que "não era segredo nenhum aquilo que Jerónimo de Sousa repetiu nessa noite [eleitoral] que era que não queria nenhum acordo escrito nem nenhum acordo de legislatura".

"Tinha-o dito durante a campanha [...] e Catarina Martins tinha dito o contrário, que queria um acordo de políticas estruturais durante a legislatura - até indicou as suas prioridades - embora dizendo que também aceitaria uma negociação se o PS não o quisesse, uma negociação nos orçamentos", explicou.

"Quando António Costa fala no domingo à noite e anuncia a Geringonça 2.0 com o argumento forte de que o povo gostou desta experiência e queria continuá-la", o "sinal que Costa dá não depende da confirmação da rejeição do PCP". "Ele sabia-o e quis afirmar essa solução", atira.

O que mudou, afirma Louçã, foi entre quarta-feira e quinta-feira à noite, quando o PS comunicou que não queria um acordo escrito com nenhum dos partidos. "Terminou formalmente a Geringonça como ela existia". Para tal usou dois argumentos, elenca: "o primeiro é que o PCP não queria - argumento um pouco estranho e lança uma carga sobre o PCP que é injusta - e o outro de que é igual, que não há nenhuma diferença".

Com o fim desta solução, os "orçamentos passam a ser mais difíceis de tratar na especialidade", sendo que Louçã não crê que esteja em causa a estabilidade governativa. "Ninguém sabe o que pode acontecer durante este tempo mas é evidente que não havendo uma obrigação de convergência a partir da confiança ganha por compromissos estabelecidos, os partidos pressionarão para conseguirem os resultados que entendem", assumiu.

O outro problema é que há questões que não podem ser decididas ano a ano mas sim a quatro anos. "Saúde e Habitação são casos muito claros. Não pode haver nenhum programa sobre Habitação [...] sem um plano que dure 4 ou talvez 8 anos. É um investimento sistemático, persistente, uma monitorização muito cuidadosa. Centeno nunca vai abrir a torneira".

Quanto às alterações à lei laboral em que o Bloco insistia, o comentador disse que "esse foi o argumento usado pelo PS" para justificar o fim do acordo formal mas que "é falso", porque "aquilo que o Bloco propôs não tinha a ver substancialmente com as alterações recentes" e sim com as da altura da troika e às quais o PS também se opunha.

"A minha preocupação principal são dificuldades de orçamento e, sobretudo, falhar políticas estruturais. Porque não creio que se possa fazer nada de permanente e sistemático ao longo do tempo sem ter um acordo político que lhe dê uma maioria garantida neste período", assegurou. 

"As políticas estruturais podiam ter aproximação. Foi isso que aconteceu durante estes anos porque houve medidas tomadas que nem sequer estavam no acordo", prosseguiu, afirmando que "por isso é que as pessoas têm uma boa memória deste trabalho".

Para Louçã, "a Geringonça 2.0 tinha de ser mais exigente em políticas que reestruturam alguns dos grandes pilares da Democracia portuguesa, como o direito à habitação e o direito à saúde que dão tranquilidade à vida das pessoas e aí o País tem imenso atraso". 

Já quando questionado sobre o PSD, o comentador diz não ter dúvidas de que "Rui Rio se vai reapresentar [nas eleições diretas do PSD]". "Não é muito certo qual é o destino das eleições mas se Montenegro pensa que é fácil vencer um candidato resiliente está enganado".

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