'Portinhola' no Parlamento é "incompreensível" mas é reclamação antiga
O deputado eleito pelo Chega já reagiu à notícia que dá conta do desconforto da bancada do CDS-PP em tê-lo como ‘vizinho’.
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Política Assembleia
Confrontado com a notícia avançada, esta terça-feira, pelo Jornal de Notícias sobre a possibilidade de ser aberta uma porta nas bancadas do hemiciclo para acomodar André Ventura sem melindrar os deputados do CDS, o deputado do Chega considera “incompreensível” toda a celeuma.
“Parece que temos uma democracia diferente para os profissionais do sistema e para os que vêm de fora”, começa por dizer em declarações ao Notícias ao Minuto, para de seguida lançar a ‘farpa’ aos centristas: “O CDS ainda não compreendeu a razão pela qual quase desapareceu nas eleições legislativas e insiste na mesma luta incompreensível contra o Chega”.
No entanto, a crítica estende-se também ao presidente da Assembleia da República: “Incompreensível é o facto de Ferro Rodrigues achar normal esta exigência e propor fazer obras para uma nova porta”.
“É nisto que é gasto o dinheiro dos contribuintes? Nos caprichos do CDS”, questiona, rematando que “pode ser que daqui a quatro anos seja o CDS a ter de pedir passagem ao grupo parlamentar do Chega”.
No final da conferência de líderes desta terça-feira, Telmo Correia, deputado do CDS-PP, explicou que a questão do lugar do Chega no hemiciclo não é política, mas prática, já que o grupo parlamentar dos centristas é o único que tem um deputado de outro partido no mesmo espaço.
"A única coisa que o CDS disse na conferência de líderes anterior foi que, por uma questão de funcionamento do grupo e até de recato do grupo, dos deputados do grupo poderem falar entre si, nós somos o único grupo que temos um deputado que não é do grupo dentro do nosso espaço. Não acontece com mais nenhum", esclareceu.
Porta para André Ventura? "É ridículo. Nunca a questão foi colocada dessa forma"
O Notícias ao Minuto contactou fonte da Assembleia da República que criticou a forma como a questão tem vindo a ser noticiada. “É ridículo. Nunca a questão foi colocada dessa forma”, assegura, lembrando que a “sala está assim há muito tempo” e que em causa está uma “barreira natural, que é uma barreira de madeira".
A reclamação, garante, não é nova, pois os “deputados do CDS sempre reclamaram, tal como o PCP e o Bloco de Esquerda [do outro lado do hemiciclo] porque cada vez que um deputado quer entrar ou sair tem de pedir aos restantes que se levantem para conseguir passar”.
Disposição dos lugares na Assembleia da República© Assembleia da República
Mas, afinal, qual será a solução? “Tem de ser uma solução ponderada com razoabilidade”, pois “não se vai começar a fazer obras com leviandade” e já nem seria “possível a tempo da posse”.
Assim, quando se fala em “porta”, o que se quer dizer é a abertura de uma ‘portinhola’ que permita, no caso a André Ventura, sentar-se sem ter de passar pelos deputados do CDS já sentados.
Mas este incómodo, frisa a mesma fonte, é sentido por outros partidos. “Os deputados do PAN ficaram sentados a meio da bancada do PS e do PSD e, para se dirigirem aos seus lugares da primeira fila, terão de incomodar tanto o PS como o PSD”, ilustra.
Quanto à posição de Eduardo Ferro Rodrigues, a mesma fonte garante que o “presidente [da Assembleia da República] validou apenas que se pensasse sobre o assunto”.
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