António Costa falava na abertura do debate quinzenal, na Assembleia da República, num discurso que dedicou ao tema das políticas de rendimentos para os próximos quatro anos.
Na sua intervenção, o líder do executivo referiu que todos os parceiros sociais foram convidados "a negociar um acordo global sobre crescimento económico e política de rendimentos".
"Um acordo que, de forma equilibrada e responsável, permita contribuir para a melhoria da produtividade das empresas e aumentar o peso dos salários no PIB. Queremos, pois, celebrar um pacto para o crescimento, com mais investimento, melhor conhecimento e maior rendimento. Um pacto que garanta que todos beneficiam das oportunidades e do bem-estar proporcionados pelo crescimento económico, ao mesmo tempo que promove a modernização das empresas e a competitividade da nossa economia, nomeadamente através de uma forte aposta na inovação e no reforço da articulação entre os sistemas de formação e ensino e o tecido produtivo", justificou o primeiro-ministro.
Neste ponto, António Costa voltou a destacar a importância de haver uma valorização salarial dos jovens qualificados.
"Temos hoje em dia a geração mais bem preparada de sempre, mas infelizmente ainda não temos a remuneração mais justa de sempre. Aliás, desde a crise económica que o prémio salarial das qualificações, isto é, o acréscimo remuneratório de quem tem um maior nível de qualificação, tem vindo a diminuir, sobretudo para os mais jovens", criticou.
Na perspetiva de António Costa, "importa fixar um referencial para a contratação coletiva, definindo qual deve ser o prémio de qualificação aplicável não só a quem tem uma licenciatura, mas também a quem frequentou um curso técnico superior profissional ou possui uma certificação profissional".
Numa parte mais ideológica do seu discurso, o primeiro-ministro defendeu que "é imperioso alcançar uma repartição mais equitativa dos benefícios do crescimento económico".
"Impõe-se melhorar os rendimentos de quem trabalha. Necessitamos, pois, de um movimento generalizado de subida dos salários - movimento que só poderá ocorrer sendo assumido e partilhado tanto pelos sindicatos como pelos empregadores em diálogo social, com dinamização da contratação coletiva, assente na concertação social e num crescimento sustentado da economia e da solidez das empresas", sustentou.
Ainda em matérias laborais, António Costa colocou também como prioridades a garantia de "um horizonte de vida estável e previsível para quem trabalha" e a promoção de uma maior conciliação entre a vida pessoal, familiar e a atividade profissional.
"Esperamos, por isso, concluir em breve um acordo na concertação social quanto ao programa ?Três em linha', que apresentámos no final do ano passado e que contempla um vasto conjunto de medidas destinadas a assegurar um equilíbrio saudável entre o trabalho, a família e o lazer", acrescentou.