A pouco mais de dois meses do Congresso de 25 e 26 de janeiro, os candidatos já assumidos - Abel Matos Santos e Carlos Meira - estão fora do círculo de 'notáveis' do partido, enquanto figuras como João Almeida, Filipe Lobo d' Ávila e Francisco Rodrigues dos Santos ainda só se comprometeram em apresentar moções de estratégia global.
Em 20 de fevereiro de 2005, o CDS-PP ficou 'órfão' do seu líder de sete anos, depois de Paulo Portas anunciar a demissão na noite das legislativas, em que o partido obtém pouco mais de 7% e 12 deputados.
Passaram-se então dois meses sem que surgisse qualquer candidato à liderança - Telmo Correia chegou a negar por duas vezes ter essa intenção - e apenas na semana anterior ao congresso o antigo líder parlamentar centrista dá os primeiros sinais de que iria avançar, confirmando a candidatura na véspera, numa entrevista televisiva.
O então candidato natural à sucessão de Portas - reunia os apoios dos principais rostos da sua direção e das duas principais moções ao congresso - justificou o seu 'timing' não com falta de vontade de liderar o CDS, mas com a surpresa pela saída do presidente.
A estratégia de José Ribeiro e Castro foi diferente: escreveu uma moção intitulada "2009" em cima do prazo limite e a sua candidatura foi primeiro sugerida pelo dirigente Luís Nobre Guedes, que entrou no Congresso ao lado de Telmo Correia, mas acabaria a apoiar o então eurodeputado.
Num tempo em que as eleições diretas ainda não tinham chegado à vida partidária - o CDS já as eliminou novamente -, foi num longo congresso em Lisboa que tudo se decidiu.
A surpresa do XX Congresso do CDS começou com o primeiro discurso de Ribeiro e Castro, que inflamou os delegados e em que garantiu que avançaria para a liderança se a sua moção fosse a mais votada.
Nesse congresso, enquanto Telmo Correia defendeu uma abertura a novos temas e novos eleitorados que permitissem ao partido crescer, Ribeiro e Castro inovou ao garantir que introduziria a eleição direta pelos militantes dos presidentes do CDS - o que concretizou - e teve um discurso mais marcadamente ideológico e centrado nos valores tradicionais da democracia-cristã, como a defesa da vida.
Às 06:00 da manhã de domingo, o Congresso acabaria mesmo por aprovar a moção de Ribeiro e Castro, com uma maioria confortável de mais de cem votos sobre o documento em que Telmo Correia se apoiava para disputar a liderança.
Do lado do ex-ministro do Turismo, estava a maior parte do "núcleo duro" do líder cessante: o então vice-presidente António Pires de Lima e o na altura líder parlamentar Nuno Melo, bem como, a título pessoal, João Almeida, que então presidia à Juventude Popular.
Além de Luís Nobre Guedes, apoiaram Ribeiro e Castro notáveis como António Lobo Xavier e Maria José Nogueira Pinto.
Em 2005, Portas despediu-se do partido dizendo aos democratas-cristãos para não terem medo do novo ciclo, mas alertando para os riscos de o partido se tornar marginal e se eternizar na oposição.
Já Ribeiro e Castro, no seu discurso final, disse não temer ser um líder de transição, mas acabaria por sê-lo, já que, menos de dois anos depois, Paulo Portas quis regressar à liderança do CDS e derrotou-o no método que criou, de eleições diretas, voltando a presidir ao partido entre 2007 e 2016.