Momentos após António Costa ter deixado uma mensagem de Natal a todos os portugueses reforçando o compromisso do Governo em prioritizar o sector da Saúde no próximo ano, Luís Fazenda, dirigente do Bloco de Esquerda (BE), classificou a mensagem de "dececionante", "monotemática" e "limitada".
"Não é a resposta que se esperava no dia de hoje, nas vésperas da negociação e de uma votação na generalidade do Orçamento do Estado. Como tal, essa atitude, esta mensagem é de algum modo dececionante", justificou o ex-deputado bloquista.
Em directo para as televisões da sede nacional do partido, o fundador do BE afirmou que "o Orçamento do Estado em si é uma resposta ao país" e que "não pode ser só centrada na Saúde", criticando a escolha do primeiro-ministro em apenas focar no seu discurso o futuro deste setor.
"Se verificármos o orçamento executado da Saúde e aquele que é prometido para ao próximo ano, não andaremos com valores muito diferentes", atirou ainda.
Apelando à negociação com os partidos à esquerda, Fazenda alertou que mesmo na área da Saúde "há imensas medidas que têm de ser tomadas", tais como, o fim "das taxas moderadoras nos centros de saúde" e a garantia de "exclusividade dos profissionais dos médicos no Serviço Nacional de Saúde".
Ainda assim, Fazenda não deixou de assinalar como um "ponto importante" António Costa ter reconhecido "a suborçamentação crónica do setor da saúde, alertada por muitos e por muitas há muitos anos".
"Faz-se necessário, para além de reconhecer a suborçamentação do setor da saúde, que haja realmente uma negociação com os partidos à sua esquerda, do Governo, que até agora tem agido como se fosse um participante sozinho neste processo orçamental. Elaborou, expõe, escolhe qual a temática que deve trazer a público, mas, no entanto, não tem negociado o que quer que seja de substancial com os partidos à sua esquerda", insistiu.
O dirigente defendeu ainda que a proposta do OE2020 é "tímida" ou "insuficiente em muitas áreas", em particular, em relação aos "cuidadores informais", ao "sector do trabalho" e à "fiscalidade sobre a energia".
"[A mensagem] é limitada e não deixa expectativas nenhumas sobre aquilo que é a urgência imediata de encontrar um OE que possa abrir caminho à continuidade de algumas políticas progressivas no país. Por isso, nós tememos que possam haver descontinuidades e roturas", concluiu.