PS, BE e CDU dizem ser acertada decisão para demolir galerias do Bolhão
PS e BE consideraram hoje que a decisão de autorizar a demolição das galerias do Bolhão, no Porto, não é arbitrária e deve tranquilizar a cidade e para a CDU não havia agora alternativa face à degradação do mercado.
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Política Partidos
Em resposta à Lusa, o PS mostrou-se satisfeito com a autorização concedida pela Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) que, na segunda-feira, deu luz verde à alteração do projeto de requalificação do Mercado do Bolhão, no Porto, cujo método construtivo implica a demolição das galerias.
Esta autorização permite "o prosseguimento da obra de requalificação" daquela estrutura centenária, "utilizando uma técnica que é, ao mesmo tempo, de execução mais rápida e de menor custo", afirmam os socialistas, acrescentando que acompanharão o impacto desta alteração no custo e no prazo da obra.
O PS assinala que a desmontagem de alguns dos elementos metálicos e da galeria em betão armado "não é uma opção arbitrária, mas uma necessidade, imposta pelas circunstâncias e adequadamente sustentada do ponto de vista técnico", pelo que mantém "inteira confiança" na equipa projetista, liderada pelo arquiteto Nuno Valentim, não vendo razão "recear que esta modificação ponha em causa a proteção dos valores patrimoniais subjacente à reabilitação do Mercado do Bolhão".
Já a CDU referiu que as explicações dadas pela DGPC foram as mesmas adiantadas na reunião da Câmara do Porto e que estão relacionadas com a degradação em que se encontra o Mercado do Bolhão e que a CDU lamenta.
"Se, há cerca de 23 anos, tivessem avançado as obras de reabilitação do mercado municipal do Bolhão, obras urgentes de reabilitação que eu própria defendi quando era vereadora da CDU, certamente não teríamos chegado à degradação atual", afirmou Ilda Figueiredo.
Para a vereadora, é lamentável o atraso e o agravamento dos custos que isso implica, mas "parece" não haver outra solução.
"É pena que não se aceitem mais cedo as propostas que a CDU faz", rematou.
Em resposta à Lusa, o líder da bancada do Grupo Municipal Rui Moreira - Porto o Nosso Partido, André Noronha, sublinhou que a questão "é eminentemente técnica e não política", afirmando que o Movimento do presidente da Câmara não é habilitado "a emitir opinião em sentido diferente à que os técnicos emitiram sobre esses aspetos exclusivamente técnicos".
Questionado sobre a decisão da DGPC, o Bloco de Esquerda (BE) defendeu que a posição assumida de "autorizar a substituição das galerias existentes por uma nova estrutura também em betão armado e com a garantia de que respeitará o desenho e projetos iniciais -, com base em pareceres técnicos de entidades públicas de reconhecida idoneidade no restauro do património - é um parecer que deve tranquilizar a cidade quanto às opções assumidas, mas que irá certamente traduzir-se em novo (mas necessário) atraso na finalização das obras".
O partido assinala como positivo que este pedido de parecer tenha sido feito no devido tempo e mostra-se confiante que "a atenção e a exigência da cidade permitirão ultrapassar as dificuldades técnicas e assegurar que o objetivo de manter o Bolhão um mercado público, com novos serviços e melhores condições de funcionamento será concretizado o mais rapidamente possível".
O BE recorda que o mercado do Bolhão teve o seu pior momento há mais de 10 anos, quando em 10 de julho de 2008 a Câmara do Porto, então dirigida por Rui Rio e pela coligação PSD/CDS-PP, adjudicou à empresa TramCronNe (TCN) um projeto apresentado como de obras de reabilitação, mas que era na verdade de demolição de todo o interior do mercado para, como diziam, "assegurar a rentabilidade económica do investimento".
Nessa altura, assinalam, foi a grande mobilização dos cidadãos, através de uma petição com mais de 50.000 assinaturas, e a luta incansável das vendedoras e comerciantes do Bolhão e das iniciativas de forças políticas como o Bloco de Esquerda, que conseguiram evitar a destruição do Mercado.
Em resposta à Lusa hoje, o PAN reconhece que, "como qualquer edifício antigo, o Mercado do Bolhão há muito já necessitava de obras a fundo".
No caso e tratando-se de um edifício faz parte da história e da identidade da cidade, o PAN considera que é obrigação da câmara "a sua adequada manutenção, desde que de forma responsável e sustentável, garantindo que as alterações efetuadas respeitem questões ambientais, sociais e financeiras".
O partido diz, contudo, ser "compreensível que, fruto dos tempos, nem todos os materiais sejam possíveis de serem aproveitados, devido ao seu estado de degradação".
A Lusa tentou obter uma reação do PSD, mas até ao momento sem sucesso.
No dia 20 de dezembro de 2019, a Câmara do Porto anunciou que as obras de requalificação do Mercado do Bolhão, cujo término estava previsto para maio deste ano, iriam ser prolongadas por mais um ano, devido à necessidade de alterar "o método construtivo", que implicaria a demolição e reconstrução total das galerias superiores, cujo estado de degradação, afirmava a autarquia, "era, afinal bastante mais grave do que era possível apurar a partir dos estudos preliminares".
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