"É tudo muito estranho o que se passa neste precoce debate presidencial"
De Ana Gomes a Adolfo Mesquita Nunes, para Marques Mendes só não "há surpresas" no posicionamento do Chega, do BE e do PCP no aquecimento para a corrida a Belém.
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Política Marques Mendes
Marques Mendes considerou, este domingo, "estranho" todo o debate que se tem vindo a desenvolver, nos últimos tempos, à volta das eleições presidenciais de 2021.
"É tudo muito estranho o que se passa neste precoce debate presidencial", começou por atirar o comentador no seu espaço semanal de análise política na SIC.
Referindo-se, primeiramente, ao apoio manifestado por António Costa à recandidatura de Marcelo Rebelo de Sousa durante uma visita à Autoeuropa, o social-democrata afirmou não compreender por que é que "alguns fingiram ficar muito surpreendidos".
"Há mais de três anos que toda a gente falava disso. E nada tem de inédito. Cavaco Silva fez o mesmo em relação a Mário Soares há 30 anos. Isto não significa que Marcelo Rebelo de Sousa tenha passado a ser socialista. Como há 30 anos, Mário Soares não passou a ser de direita por ter tido o apoio do PSD", comparou.
Insistindo que o que aconteceu há três décadas repete-se hoje, Marques Mendes defendeu que Costa, tal como Cavaco Silva, está a "fazer-se de forte" e a apoiar Marcelo "para evitar sair vencido e fragilizado das eleições presidenciais". "Tão simples quanto isto", acrescentou.
De Adolfo Mesquita Nunes a Ana Gomes: "É tudo muito estranho"
Outra "nova estranheza" apontada pelo ex-ministro é a hipótese de Adolfo Mesquita Nunes, antigo vice-presidente centrista, vir a ser um potencial candidato na corrida a Belém, apesar de ser um político que 'não se cansa' de "elogiar" e que considera ser um "dos mais talentosos que Portugal tem".
"Tem todo o direito de se candidatar. Mas, é tudo muito estranho. Primeiro, disse há menos de um ano que saía da vida política para se dedicar à vida profissional. Desdizer agora o que antes disse obriga-o a dar explicações e, com isso, a ficar à defesa e fragilizado. Depois, corre o risco de não ter o apoio oficial do CDS, o que à partida é outra fragilidade e, finalmente, corre o risco de ser acusado de dividir o centro direita, o que não é famoso para quem tem ambições políticas nessa área", conjecturou.
Sobre a possível candidatura de Ana Gomes, Marques Mendes lembrou que, no passado dia 27 de janeiro, tinha declarado que se a ex-eurodeputada socialista avançasse que seria "bom para a democracia", opinião que afirmou manter, este domingo.
Contudo, o comentador considerou que Ana Gomes cometeu, entretanto, "dois erros": "Primeiro erro, já devia ter avançado com a sua candidatura, antes de Costa se pronunciar, jogando na antecipação. Erro ainda pior, resolveu admitir a sua candidatura fazendo um discurso contra Costa, criticando-o de alto a baixo".
Para o social-democrata, após ter criticado o primeiro-ministro, Ana Gomes passou assim a ser "vista como a candidata anti-António Costa, o que é uma desvantagem", pois torna a sua candidatura "redutora e com menos condições". "Muitos socialistas que até gostariam de a apoiar e organizar a sua campanha no terreno já não o farão porque não querem afrontar António Costa".
Chega, BE e PC: "Aqui, não há surpresas"
Sobre os possíveis apoios do Chega, do Bloco de Esquerda (BE) e do PCP, Marques Mendes afastou qualquer cenário de estranheza referindo que sobre os posicionamentos destes partidos "não há surpresas". "Trata-se de cumprir coreografia política", sustentou.
Por fim, a cerca de oito meses das eleições, o comentador concluiu que as "presidenciais estão transformadas em arma de arremesso político", apontando que "dentro do PS os inimigos de estimação de António Costa aproveitam-se para tentarem fazer os seus ajustes de contas" e que, à direita, "algumas pessoas, insatisfeitas por não haver oposição e uma alternativa credível", lamentam que o Presidente da República não desempenhe "esse papel" apesar de essa "não ser a função" de um Chefe de Estado.
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