"Não há nenhuma eleição com um vencedor absolutamente antecipado"
Francisco Assis continua convicto de Ana Gomes irá avançar na corrida a Belém e que "tem todas as condições para protagonizar uma grande candidatura".
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Política Francisco Assis
Francisco Assis, ex-eurodeputado e antigo líder da bancada parlamentar do PS, reforçou, esta quarta-feira, o seu apoio à possível candidatura de Ana Gomes às eleições presenciais previstas para 2021.
Em entrevista à RTP, o militante socialista começou por afirmar que continua com a expectativa de que a antiga eurodeputada avance na corrida a Belém.
"Tenho a expectativa que, no final dessa reflexão, Ana Gomes se apresente como candidata à Presidência da República", declarou.
Sobre se Ana Gomes tem condições para ganhar as presidenciais, Assis considerou que a antiga diplomata "tem todas as condições para protagonizar uma grande candidatura".
Ainda assim, o antigo eurodeputado não escondeu que tem plena consciência de que há um favorito nestas eleições: o atual Presidente da República. "Todos os Presidentes que se recandidataram em Portugal foram reeleitos. Marcelo Rebelo de Sousa é uma pessoa bastante popular e, por isso, é indiscutível que ele parte como favorito nestas eleições".
Contudo, Assis alertou que favorito não é sinónimo de vencedor. "Não há nenhuma eleição com um vencedor absolutamente antecipado", destacou, lembrando que ao admitir-se prematuramente um vencedor está-se a objetivamente "desvalorizar o ato eleitoral".
Para o socialista, no curso dos últimos anos, Ana Gomes tem vindo a "constituir-se progressivamente numa referência na vida política portuguesa" e que perante o trabalho que tem desenvolvido daria uma "excelente candidata da área da esquerda democrática à Presidência da República".
Aproveitando para esclarecer que nunca disse que ex-dirigente socialista "devia ser uma candidata única da esquerda numa lógica de confronto direto esquerda-direita" nestas eleições, Assis defendeu também que sem a candidatura de Ana Gomes o espaço político da "esquerda democrática reformista, identificada com o socialismo" ficaria "vazio" nestas presidenciais.
"Nada justificaria esse vazio", vincou, acrescentando que só num contexto de emergência nacional "é que se poderia justificar uma situação em que um espaço político tão importante, tão estruturante, não apresentasse um candidato à Presidência".
"É uma pessoa de uma extraordinária coragem"
Questionado pelo jornalista Victor Gonçalves sobre que qualidades elevam Ana Gomes uma "excelente candidata", Assis começou por denotar, mais uma vez, que a ex-eurodeputada está muito ligada à luta dos direitos humanos .
"Identifico muito Ana Gomes com as questões ligadas aos direitos humanos. Julgo que era muito importante para um país como Portugal ter um Presidente da República com uma imagem muito forte ligada à noção e à luta concreta pelos direitos humanos", considerou.
Mais, para o antigo líder parlamentar, Ana Gomes é hoje "uma das grandes referências em toda a Europa" nesta área. "Testemunhei isso no Parlamento Europeu e acho que os portugueses todos sabem disso", afirmou.
De seguida, a segunda qualidade apontada por Assis foi de que Ana Gomes "é uma pessoa de uma extraordinária coragem". Confessando que é uma das características que mais valoriza hoje na vida política, Assis apontou também que a potencial candidata se debruça sobre temas de grande relevância atual, "quer no quadro nacional quer no internacional", relacionados com a luta contra a "fraude e evasão fiscal", "o branqueamento de capitais" e a corrupção "no sentido lato".
"Depois, é uma pessoa com cultura política e com preparação", lembrou ainda.
"Seria uma Presidente que assumiria todas as funções presidenciais de acordo com aquilo que está estabelecido na Constituição, com a preocupação de ser ao mesmo tempo um árbitro e alguém capaz de apresentar algumas grandes referências na vida política", concluiu.
Até ao momento, Ana Gomes ainda não avançou com nenhuma candidatura oficial. No passado dia 17, a ex-eurodeputada afirmou que iria refletir sobre as presidenciais, embora não ambicionasse ser candidata, por considerar que "mudou muita coisa" com a antecipação do primeiro-ministro a um segundo mandato de Marcelo.
Ana Gomes falava na SIC Notícias a propósito das declarações do primeiro-ministro e secretário-geral do PS, António Costa, na Volkswagen Autoeuropa, onde manifestou a expectativa de regressar àquela fábrica com o atual Presidente da República, já num segundo mandato, dando como certa a sua recandidatura e reeleição.
Após Ana Gomes ter criticado o apoio informal de Costa a Marcelo, alguns nomes da família socialista surgiram em defesa do chefe do Governo, incluindo, o secretário-geral adjunto do PS. José Luís Carneiro acabou por repudiar as palavras de Ana Gomes, classificando-as de "inaceitáveis" e afirmou que o tema das eleições presidenciais "não é tabu" no partido e que a matéria será discutida.
Por sua vez, o Livre já reconheceu publicamente que existem pontos ideológicos "em comum" entre o partido e a ex-dirigente socialista, admitindo que está a assistir "com interesse" a possível candidatura de Ana Gomes.
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