Depois da admissão do presidente executivo do Novo Banco de que seria necessário mais capital do que o que estava estimado para este ano e que foram comunicadas ao Fundo de Resolução, Catarina Martins afirma ser "inaceitável a existência de uma cláusula secreta que dirá que, numa situação excecional, o Estado terá de fazer obrigatoriamente novas injeções".
A líder do Bloco de Esquerda disse hoje que "o contrato chegou, finalmente, ao Parlamento", e que está "encriptado", apontando que há "fatores de uma enorme preocupação", tais como, o facto de o "contrato, que foi escondido do país, ser muito mais lesivo do que aquilo que foi informado pelo ministro das Finanças, Mário Centeno, na altura".
O Bloco de Esquerda aponta três quadros, que suscitam especial preocupação.
"Primeiro, foi-nos dito que a garantia pública de 3900 milhões de euros não seria usada na íntegra e agora já toda a gente dá por certo que vai ser utilizada, depois houve aquela injeção (de 850 milhões de euros) ainda sem se conhecer a auditoria porque aparentemente uma cláusula do contrato. E, por fim, agora há mais uma cláusula secreta que dirá que numa situação excecional, o Estado terá de fazer obrigatoriamente novas injeções", critica a líder bloquista.
"Tudo isto é inaceitável", reitera, referindo que é inaceitável que o Estado português continue a dar tanto dinheiro ao Novo Banco "sem saber sequer como é que os créditos estão a ser geridos", num momento em que é preciso apoiar os trabalhadores que perderam o seu trabalho e rendimento.
"Num momento em que há tantos setores da economia paralisados, não é aceitável que continuemos a dar tanto dinheiro ao sistema financeiro e não se discuta de forma transparente como é que usamos os recursos do país", termina.
Recorde-se que a injeção que o Estado fez no Novo Banco, de 850 milhões de euros, gerou polémica por ter sido executada sem serem conhecidos primeiro o resultado da auditoria.
Esta segunda-feira, também Marcelo Rebelo de Sousa admitiu ter ficado "estupefacto" com a notícia de que o Novo Banco vai precisar de mais capital do que o previsto.
"Eu não costumo comentar casos concretos de vida de instituições bancárias. Portanto, eu ouvi a notícia, fiquei estupefacto com ela, mas verdadeiramente não comento esse tipo de notícias, para não estar a entrar na situação concreta de instituições financeiras", respondeu o chefe de Estado.