"As pessoas ainda não perceberam a gravidade do que nos espera"
O antigo líder centrista adverte para a crise inédita que irá decorrer nos próximos quatro anos devido à pandemia. Quanto a Bruxelas, o comentador prevê que "vai haver acordo".
© Global Imagens
Política Paulo Portas
Paulo Portas considerou, este domingo, que a população portuguesa ainda não tomou consciência da dimensão da crise económica e social que irá ocorrer na sequência da atual crise sanitária.
“As pessoas estão anestesiadas e ainda não realizaram a gravidade do que nos espera”, denotou o antigo dirigente do CDS no seu espaço habitual de comentário na TV24.
Referindo que analisou "o primeiro estudo que faz um calculo acumulado dos próximos quatro anos", em termos do que pode ser uma crise de finanças públicas global, Paulo Portas revelou, até 2023, "sairemos como planeta com uma soma total de défice acumulado de 25 e 30 triliões de euros". "Um número de tal forma inédito que temos de cair na realidade", argumentou.
"Acho que vai haver acordo"
A propósito deste problema que o mundo possivelmente herdará, o ex-ministro recordou: "É disto que a Europa está a tratar com o Fundo de Resolução".
Questionado sobre se acredita que os 27 Estados-membros - que estão deste sexta-feira reunidos no Conselho Europeu - vão chegar a acordo para o relançamento europeu após a crise da Covid-19, o comentador admitiu acreditar num entendimento. "Não sei se é hoje, se é daqui a uma semana, ou se é no início de setembro, ou final de agosto, para um próximo Conselho Europeu com mais tempo para fazer a negociação", acrescentou.
Quanto às linhas que já foram alinhavadas nas negociações, Paulo Portas lembrou que já é certo que irá haver "menos subsídios diretos e mais controlo sob as políticas". E os 750 mil milhões permanecem? Para o antigo líder do CDS, o valor não sofrerá alterações. "O problema está na composição desses milhares de milhões", defendeu.
Paulo Portas também sublinhou que haverá "menos tempo para comprometer o dinheiro" que será destinado aos Estados-membros, o que irá obrigar todos os países a serem "eficientes". Afastando a ideia de que vem aí uma troika, o comentador apontou, contudo, que virá uma administração que irá "pedir contas" às nações, fazendo um "controlo do uso do dinheiro".
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