Disciplina de voto do PSD é "contrassenso democrático"
A associação ILGA Portugal classificou hoje a disciplina de voto do PSD sobre o referendo acerca da coadoção e adoção de crianças por homossexuais um "contrassenso democrático" de "violência extrema" para com estas famílias.
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Política ILGA
"Obrigar ao voto a favor de um referendo era e é uma manobra dilatória face ao projeto de coadoção e adoção de crianças por homossexuais, que já foi aprovado na generalidade. É de uma crueldade e violência extrema para com crianças e famílias, que aguardam com expectativa a possibilidade de um reconhecimento, caso a caso, em tribunal, em sequência da aprovação e publicação da lei", disse à Lusa Paulo Côrte-Real, presidente da ILGA.
Os deputados do PSD decidiram na quarta-feira, em reunião, por maioria, votar a favor da proposta de referendo sobre coadoção e adoção de crianças por homossexuais e aplicar disciplina de voto sobre esta matéria.
Esta posição foi aprovada no final de uma reunião da bancada do PSD, tendo obtido uma dúzia de votos contra, numa votação em que participaram cerca de 80 deputados, disseram à agência Lusa fontes sociais-democratas.
Em causa está uma proposta de referendo apresentada por um grupo de deputados sociais-democratas, membros da juventude do partido (JSD), que vai ser debatida em plenário hoje e votada na sexta-feira.
Segundo o presidente da ILGA, aquilo que o PSD pretende fazer é um referendo "sobre os direitos de crianças", sublinhando que a questão é "um contrassenso democrático".
"Uma democracia não é ditadura de maioria, obviamente que é de uma violência extrema pedir a todas as pessoas que decidam se estas famílias devem existir ou não, porque a sua existência não está em causa, é um fato na sociedade portuguesa, o que falta é a garantia, o seu reconhecimento legal", frisou.
Paulo Côrte-Real sublinhou ainda que a estratégia adotada é "ofensiva" para todas estas famílias e particularmente "cruel, violenta e extremista" ao opor-se ou "pretender de alguma forma adiar este reconhecimento".
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