Numa mensagem enviada ao secretário-geral da OCDE, Angel Gurría, disponibilizada no site desta instituição e do parlamento português, Eduardo Ferro Rodrigues recorda que foi o representante permanente de Portugal junto da organização entre 2005 e 2011, que recorda como "anos muito importantes" da sua vida.
"Tendo assinado a Convenção da OCDE a 14 de dezembro de 1960, para Portugal este ato foi um marco na abertura externa da sua economia. Os desafios atuais são muito diferentes dos existentes no início dos anos sessenta. No entanto, a OCDE continua a ser uma referência quanto às melhores práticas e à revisão pelos pares. O seu acervo, os seus dados, são únicos e muito valorizados", defendeu o presidente do parlamento.
Ferro Rodrigues recorda que, na altura da adesão de Portugal, a OCDE tinha apenas 20 membros e hoje tem 37, de vários continentes.
"Não é mais um grupo de economias do hemisfério Norte, nem um clube de nações ricas. A OCDE continua a trabalhar naquilo em que se distingue: nas questões estruturais, particularmente nas áreas económica, do ambiente e da energia e na assistência ao desenvolvimento", destacou.
Na mensagem, Ferro Rodrigues considerou que a OCDE tem estado "à altura da sua missão", destacando a defesa do multilateralismo e do Direito internacional, que considera estarem "no centro do posicionamento de Portugal na cena internacional".
O presidente da Assembleia da República recordou palavras de Angel Gurría, numa reunião em outubro sobre a forma como a pandemia de covid-19 está a afetar os vários países, e em que destacou que "restaurar o crescimento é fundamental, mas a qualidade do crescimento é tão ou mais importante".
"Esperançosamente, à medida que a ciência progride e as vacinas estarão em breve disponíveis, as piores consequências da pandemia serão superadas. Mesmo assim, seremos ainda confrontados com as suas repercussões -- e contamos com a OCDE para nos ajudar a seguir em frente, a trazer de volta o crescimento, o emprego e sociedades mais inclusivas", salientou Ferro Rodrigues.
Hoje, na cerimónia que assinalou os 60 anos da OCDE, em Paris, Angel Gurría destacou que a organização, que dirige há quase 15 anos, tem como primeiro dos cinco objetivos principais "colocar as pessoas no centro da sua política".
Gurría, que vai encerrar o terceiro e último mandato no final da primavera, evocou o nascimento da OCDE como uma continuação do Plano Marshall lançado pelos Estados Unidos para oferecer ajuda maciça aos países europeus com a condição de manter um modelo de abertura económica e liberalismo e impedi-los de cair na órbita soviética.
Na opinião de Gurría, esse foi um projeto que pôs fim a "um período de não-cooperação que conduziu à Grande Depressão e à II Guerra Mundial", em contraste com as seis décadas de existência da OCDE que evidenciou a utilidade da sua perspetiva multilateral.