"Somos duas candidatas do campo democrata que vão derrotar André Ventura"
A bloquista Marisa Matias e a socialista apoiada pelo PAN e Livre Ana Gomes protagonizaram, esta segunda-feira, mais um debate na antena da SIC Notícias no âmbito da 'corrida a Belém'.
© D.R.
Política Presidenciais
Marisa Matias e Ana Gomes sentaram-se 'à mesa', esta segunda-feira, para mais um debate durante a campanha presidencial. Divergências à parte, as candidatas democratas estão unidas num objetivo comum: derrotar André Ventura.
Num debate que não passou à margem da análise à polémica do momento - e que envolve a nomeação do procurador José Guerra -, Maria Matias e Ana Gomes revelaram que abordaram, numa fase inicial, uma candidatura conjunta.
As críticas ao atual Presidente da República, que ambas consideram como o 'alvo' direto a derrotar, não foram esquecidas, sobretudo em relação às sucessivas renovações do Estado de Emergência no âmbito da pandemia de Covid-19.
Em relação ao 'dossiê' André Ventura, as candidatas de Esquerda 'dão as mãos' e assumem um denominador comum: derrotar "o candidato da extrema-direita".
Reveja os principais temas que marcaram o debate:
Costa reafirma confiança na ministra da Justiça
Ana Gomes: O primeiro-ministro é que sabe e avalia como [o assunto] afeta a imagem do país. Eu sou contra a banalização de pedidos de demissão de ministros. Considero este caso grave, disse-o já aqui (na SIC Notícias) em setembro. Acho que não é boa política órgãos nacionais sobreporem-se a uma seleção feita por um comité internacional.
O primeiro-ministro tem dados que eu não tenho e temos de ouvir a ministra [da Justiça].
Marisa Matias: Há imensas contradições. É uma situação vergonhosa. É preciso explicações e ouvir a ministra. Obviamente a situação não a fortalece, mas precisamos ouvir o que tem a dizer sobre o assunto.
Duas candidatas próximas?
Marisa Matias: O meu adversário direto é Marcelo Rebelo de Sousa. Ana Gomes é a minha adversária no mesmo campo político. Há cinco anos fui candidata à Presidência da República e na altura Ana Gomes propôs ao seu partido apresentar Maria de Belém como candidata e não me apoiou.
Ana Gomes: Eu? Não. Eu apoiei o Sampaio da Nóvoa.
Candidatura conjunta?
Ana Gomes: A candidatura de Marisa insere-se numa lógica de partido que ela representa. A minha candidatura é independente. Sou socialista com muito orgulho, mas não tenho o apoio da direção do meu partido. A lógica da candidatura da Marisa é muito diferente da minha. Falámos [dessa hipótese] numa primeira fase. Mas compreendo que o partido da Marisa a tenha apoiado.
Marisa Matias: Temos propostas diferentes. Acredito que, num cenário onde não existe uma candidatura à Esquerda consensual, temos condições para mobilizar o eleitorado à Esquerda. Há condições para haver acordos à Esquerda [com o BE] mais exigentes.
Temas em que seguiriam caminho diferente do de Marcelo
Ana Gomes: Antes do dia a seguir às eleições, ainda há o dia antes das eleições. Não é por mim que não haverá convergência à Esquerda. Não entendo como é que o Bloco de Esquerda votou contra o Orçamento e como a Marisa diz que não vetaria este Orçamento. Há uma contradição. O país não precisava de uma crise política. Onde é que ficavam as pessoas mais vulneráveis que o Bloco diz defender?
Temos outras contradições, como em relação ao euro e a área da segurança e da defesa, que são demasiado importantes para serem deixadas à Direita.
Marisa Matias: No Orçamento do Estado (OE), acho incompreensível não haver uma resposta em relação à crise que estamos a viver. Já estamos a sentir os efeitos disso. Acredito que não falamos de exigências incomportáveis; são exigências justas.E o problema da segurança da UE é a segurança das pessoas, como dos migrantes.
Estado de Emergência "banalizado"
Ana Gomes: Acho extraordinário quando o Presidente da República tira o tapete à ministra da Saúde quando [esta] está a tentar a aplicar a Lei de Bases de Saúde na questão da relação com os privados para atenderem doentes com Covid. E não vi o Bloco nem a tu saírem a apoiar a ministra. Esse é que era o momento de sair a apoiar a ministra.
Marisa Matias: Como é evidente defendo o que está na Lei de Bases [da Saúde] e numa situação de pandemia temos de usar a capacidade instalada, seja a privada, seja a social.
Ana Gomes: Eu não gosto que o Estado de Emergência esteja a ser banalizado. Enquanto Presidente da República, teria pedido à Assembleia da República que passasse uma lei de emergência sanitária que permitisse dar cobertura legal às medidas necessárias.
As candidatas que "vão derrotar o candidato da extrema-direita"
Ana Gomes: Não confundo os eleitores [da extrema-direita] com os responsáveis. Os eleitores estão desiludidos com a política. Quem semeia o ódio, a violência, a segregação é completamente contrário à Constituição. Marcelo deu a bênção a um acordo que normaliza esse partido [o Chega]. Isto é semear a insegurança. Normalizar isto é perigoso.
Marisa Matias: [BE viabilizou proposta do Chega] Veja lá, conseguiu encontrar uma proposta em centenas. O cordão sanitário é evidente e tem que ver com o exercício do poder. Não aceito que possa haver um Governo com um ministro que considera que os direitos das pessoas são em função da sua cor de pele. Normalizar é colocar no Governo, como se fez nos Açores. Normalizar é aquilo que o PSD e o PR estão a fazer. Nós somos duas candidatas do campo democrata que vão derrotar o candidato da extrema-direita. Não tenho medo de André Ventura.
Ana Gomes: Eu vivi em ditadura e estou aqui para me bater até à última para que projetos autoritários não vençam. Isto é um trabalho de convencimento e espero convencer os portugueses que é pela democracia que nos salvaremos.
Não tenho medo nenhum [de André Ventura]. O que está em causa não é a pessoa, são as ideias perniciosas. O meu adversário é Marcelo Rebelo de Sousa. Quero demonstrar aos portugueses que posso ser uma Presidente muito diferente, que faz a diferença naquilo que importa para desbloquear este país.
Ficar atrás de Ventura?
Marisa Matias: [Nas sondagens] Estou acima de onde estava há cinco anos. O que faz cavalgar a política do medo é não haver resposta para os problemas das pessoas. Estou convicta que derrotarei André Ventura.
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