"O vírus não se combate com cortes salariais, com bancos de horas encapotados, com horas negativas, com a precarização dos vínculos laborais, com o contínuo desinvestimento nos trabalhadores. (...) Pelo contrário, o vírus combate-se respeitando direitos, com mais investimento, valorizando salários dos trabalhadores", argumentou.
O candidato apoiado pelo PCP e PEV falava durante uma sessão sob o tema "Direito ao trabalho e ao trabalho com direitos. Defender a Constituição", na Casa do Alentejo, em Lisboa, que contou com a presença da secretária-geral da CGTP, Isabel Camarinha.
Antes da sua intervenção, Isabel Camarinha classificou a candidatura do PCP e PEV como "essencial e insubstituível", por defender um "novo modelo de desenvolvimento" e ser aquela "que em melhores condições está de defender, cumprir e fazer cumprir a Constituição".
A sessão arrancou com um conjunto de intervenções de representantes de comissões de trabalhadores de empresas e ativistas sindicais de diversas áreas profissionais, cujos discursos se centraram na precariedade e no facto de a pandemia de covid-19 ter vindo a aumentar a insegurança laboral.
Para João Ferreira, aqueles testemunhos "confirmam uma realidade económica e social que é urgente modificar", missão que diz estar na base da sua candidatura, que "escolhe como prioridade defender e valorizar os trabalhadores".
Respondendo a críticas que acusam a sua candidatura de não abandonar "a cassete da política laboral", o eurodeputado sublinhou que essa é uma acusação que o orgulha, já que um dos propósitos da sua candidatura é a defesa dos direitos laborais.
"Nos últimos dias, a propósito de debates que terão causado amargos de boca a certos comentadores, houve quem viesse acusar esta candidatura de não abandonar a cassete da política laboral. Pois essa é uma acusação que muito me orgulha, são medalhas que esta candidatura carrega", afirmou.
O candidato apoiado pelo PCP iniciou o segundo dia oficial da campanha para as presidenciais em Santiago do Cacém, no distrito de Setúbal, seguindo depois para Lisboa.
A primeira campanha realizada em Portugal em estado de emergência arrancou oficialmente no domingo, sob a ameaça de um novo confinamento e com as estruturas a adaptarem as suas agendas às restrições impostas pela pandemia de covid-19.
As eleições presidenciais estão marcadas para 24 de janeiro e esta é a 10.ª vez que os portugueses são chamados a escolher o Presidente da República em democracia, desde 1976.
Além de João Ferreira (PCP e PEV), concorrem a estas eleições seis candidatos: Marisa Matias (apoiada pelo Bloco de Esquerda), Marcelo Rebelo de Sousa (PSD e CDS/PP), Tiago Mayan Gonçalves (Iniciativa Liberal), André Ventura (Chega), Vitorino Silva, mais conhecido por Tino de Rans, e a militante do PS Ana Gomes (PAN e Livre).