No Congresso do PSD "o que vai acontecer é nada"
O social-democrata António Capucho descreve o PSD como um partido "manietado", acusa Pedro Passos Coelho de "manter o 'status quo'" e considera que no próximo Congresso social-democrata nada de relevante vai acontecer.
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Política António Capucho
"O que vai acontecer é nada. Não vai acontecer nada. A comunicação vai lá fazer o relato de algumas intervenções e aquilo vai ser um passeio de Passos Coelho", declarou António Capucho à agência Lusa.
O antigo dirigente nacional social-democrata lamenta que o PSD não coloque na ordem do dia a revisão das leis eleitorais, no sentido de uma redução do número dos deputados e da introdução de círculos uninominais, e alterações ao pagamento de quotas e ao financiamento dos partidos.
António Capucho, que poderá vir a ser expulso do PSD por ter sido candidatado à Assembleia Municipal de Sintra numa lista adversária da lista do seu partido, referiu que tem neste momento a "militância suspensa", não podendo por isso participar no Congresso de 21, 22 e 23 de fevereiro, em Lisboa.
Contudo, em qualquer caso, não teria "a mínima paciência para passar dois dias no Coliseu dos Recreios a ouvir uma sequência de monólogos", afirmou à Lusa.
O ex-presidente da Câmara Municipal de Cascais descreveu o PSD como um partido "muito enfraquecido e muito manietado", com secções "fechadas", dominado por "um conjunto de oligarquias, com algumas exceções".
Capucho acrescentou que muitos militantes que conhece "nem se dão ao trabalho de pagar a quota, nem se dão ao trabalho de ir às reuniões do partido, porque é perfeitamente inútil", concluindo: "Não tem nada a ver com o partido que eu ajudei a fundar e a implementar em todo o país".
Ainda no que respeita ao XXXV Congresso do PSD, criticou a moção de estratégia global que o presidente do partido e atual primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, vai apresentar aos congressistas.
"Para além de ser uma moção laudatória do Governo, não tem absolutamente nada sobre a regeneração do partido, quando toda a gente sabe como é que este partido está a funcionar, com grupos que pagam as quotas, o sistema habitual das barrigas de aluguer, que se espalhou de uma forma inacreditável - de resto, o PS tem tido problemas similares. Não tem nada sobre a regeneração interna, sobre a reativação do partido", apontou.
No seu entender, o documento também não tem "nada de extraordinário sobre a reforma do Estado".
Segundo António Capucho, o PSD devia avançar com um projeto de lei eleitoral para a Assembleia da República semelhante ao que o PS apresentou "em 2001", mas mudando o número de deputados de 230 para 180.
Por outro lado, "o Estado devia deixar de financiar os partidos" e estes deviam ter de "aumentar as quotas" para se "autofinanciarem", o que mudaria o funcionamento interno dos partidos dificultando as referidas "barrigas de aluguer", defendeu.
"Estas reformas do Estado é que ele devia apresentar no Congresso. Não vai apresentar nenhuma delas, claro, vai manter o 'status quo'", sustentou.
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