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JS quer proibir discriminação de dadores de sangue por orientação sexual

A Juventude Socialista (JS) propôs ao Grupo Parlamentar do Partido Socialista a proibição legal da discriminação de dadores de sangue por género ou orientação sexual, na sequência da revelação de casos de rejeição de doações por homossexuais.

JS quer proibir discriminação de dadores de sangue por orientação sexual
Notícias ao Minuto

21:58 - 28/01/21 por Lusa

Política JS

Em comunicado, o secretário-geral da JS e deputado Miguel Costa Matos afirma que "certos comportamentos de risco podem ser inibidores da dádiva de sangue", mas que a discriminação não deve ser feita com base na orientação sexual, "numa generalização grosseira justificada apenas por preconceito".

A estrutura juvenil dos socialistas sustenta que pretende que a iniciativa legislativa do Grupo Parlamentar do PS reveja o Estatuto do Dador de Sangue "para explicitamente proibir discriminações nas condições e critérios de elegibilidade em função da orientação sexual ou identidade de género", em conformidade com a Constituição, que proíbe a discriminação por orientação sexual.

Afirma ainda serem "muitos os relatos de pessoas LGBT+ que se viram impedidas de fazer a doação" de sangue para apoiar os hospitais apenas "por serem homossexuais".

O Instituto Português do Sangue e da Transplantação abriu uma averiguação interna a um médico do organismo após este ter afirmado que os homens homossexuais estão impedidos de dar sangue, garantindo que esta não é a posição oficial.

Num 'email', ao qual a Lusa teve acesso, um médico do Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST) escreve que "os homens que têm sexo com homens estão impedidos de dar sangue".

"Este critério não [é] nacional. É internacional. Muitos dos países da Europa e do mundo têm essa regra para defesa da saúde do doente que recebe a unidade de sangue", sustenta o médico Luís Negrão, que se apresenta como médico de saúde pública.

Em 2016 tinha sido definido o fim da proibição das doações de sangue por homens que têm sexo com homens através de uma norma da Direção-Geral da Saúde e a polémica com esta questão teve como resultado a demissão do então presidente do instituto, Hélder Trindade, que, na altura, alegou razões pessoais.

Estava também programado que em 2019 fosse constituído um grupo de trabalho para avaliar o impacto da alteração do critério de suspensão do dador, no que diz respeito a homens que têm sexo com outros homens.

Na terça-feira a Lusa contactou o IPST na sequência do caso de um homem que denunciou ter sido discriminado quando tentou dar sangue no sábado, dia 23, no posto fixo de doação do IPST em Lisboa, e depois de este organismo ter feito um apelo público à doação.

A situação passou-se com Bruno Gomes d'Almeida que, depois de três horas na fila e mais uma hora de espera na triagem, foi confrontado com várias questões que partiam do princípio de que teria parceiras. Quando fez questão de corrigir e assumir que tinha um parceiro, ouviu como resposta que "então não pode doar sangue" e que "homens que fazem sexo com homens não podem doar sangue".

Confrontado o IPST, a resposta dada à Lusa foi que o instituto "não questiona a orientação sexual dos seus potenciais dadores" e que "todo e qualquer cidadão [pode] candidatar-se a dar sangue, sem quaisquer diferenças de género ou orientação sexual".

Garantiu também que, "se não forem referidos comportamentos considerados de risco, nem no consentimento informado nem na triagem clínica, o dador é aceite para a dádiva".

Confrontado com as afirmações do médico Luís Negrão, o IPST confirmou que o mesmo trabalha para o organismo e que a "situação já está a ser averiguada internamente".

"Esta não é a posição do IPST", garante o instituto, sublinhando que a posição oficial é a que tinha sido anteriormente transmitida à Lusa.

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