Parlamento unânime no pesar e aplaude de pé Jorge Coelho
A Assembleia da República aprovou esta quinta-feira, por unanimidade, um voto de pesar apresentado pelo PS pela morte do antigo deputado e ministro socialista Jorge Coelho, que foi aplaudido de pé.
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Política Jorge Coelho
Jorge Coelho faleceu no passado dia 7 de abril, aos 66 anos.
"Jorge Coelho era uma pessoa singular. A suas muitas qualidades políticas e humanas - inteligência, argúcia política, competência, capacidade organizativa e de trabalho, força anímica, alegria de viver, sagacidade, sentido de responsabilidade -- têm sido sublinhadas pelos inúmeros amigos de todas as idades e quadrantes políticos. Era verdadeiramente exemplar na forma como cultivava a amizade e na sua genuína capacidade de dar atenção aos outros, de estar próximo e dizer presente, sem regatear tempo nem esforços", destaca o texto.
No voto, assinado à cabeça pelo presidente da Assembleia da República, o socialista Eduardo Ferro Rodrigues, refere-se que Jorge Coelho "partiu cedo demais", mas deixa "um excecional legado e a memória de um político com visão estratégica, de um amigo afetuoso, de um homem bom e uma imensa saudade".
"Este é um voto a que eu me associo com desgosto, mas com toda a responsabilidade", afirmou Ferro Rodrigues.
Também o Governo, através do secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Duarte Cordeiro, se associou ao voto, e manifestou "um respeito muita grande" pela figura e pela história do dirigente socialista.
O texto do PS recorda o percurso biográfico do antigo ministro e dirigente socialista, que nasceu a 17 de julho de 1954 em Contenças, no concelho de Mangualde (distrito de Viseu) e licenciou-se em Organização e Gestão de Empresas, no Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras da Universidade Técnica de Lisboa.
"Politicamente ativo antes e depois da Revolução dos Cravos, Jorge Coelho filiou-se no Partido Socialista em 1982, onde desempenhou as mais diversas funções e praticamente todos os cargos, exceto o de secretário-geral, e se manteve como militante até à sua morte", destaca o voto, lido pela líder parlamentar do PS, Ana Catarina Mendes, e que foi acompanhado pela família nas galerias da Assembleia da República.
Os socialistas lembram ainda a sua "atividade profissional diversificada" e o "empenhado percurso político".
"Começou muito jovem, em 1983, como chefe de gabinete do secretário de Estado dos Transportes do IX Governo Constitucional, Francisco Murteira Nabo. Mais tarde, entre 1989 e 1991, foi secretário adjunto para a Educação e Administração Pública do governo de Macau", refere o texto.
Em 1995, no XIII governo liderado por António Guterres, assumiu o cargo de ministro adjunto, cargo que, em 1997, acumulou com o de ministro da Administração Interna, com o PS a salientar que "a ele se deve o lançamento em Portugal do conceito de Loja do Cidadão".
Em 1999, tomou posse como ministro da Presidência e do Equipamento Social e, em 2000, passou a ministro de Estado e do Equipamento Social.
"Na sequência da queda da Ponte Hintze Ribeiro de Entre-os-Rios, em Castelo de Paiva, a 4 de março de 2001, pediu a demissão do governo, assumindo a responsabilidade política pelo acidente, porque 'a culpa não pode morrer solteira'", recordam os socialistas.
Foi deputado na V, VI, VII, VIII, IX e X Legislaturas, tendo sido Presidente da Comissão do Poder Local, Ordenamento do Território e Ambiente, e conselheiro de Estado, eleito pela Assembleia da República, entre 2005 e 2009.
Em 2006, renunciou ao mandato de deputado e abandonou todos os cargos partidários para se dedicar à atividade profissional, assumindo em 2008 o cargo de CEO do Grupo Mota-Engil.
Foi comentador no programa Quadratura do Círculo na SIC Notícias, posteriormente designado Circulatura do Quadrado, quando transitou para a TVI24, onde foi substituído pela líder parlamentar do PS Ana Catarina Mendes a partir de setembro de 2020.
"A Assembleia da República manifesta o seu pesar pelo falecimento de Jorge Coelho e transmite as suas condolências à sua mulher, filha, netos, família e amigos", refere o voto hoje aprovado por unanimidade.
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