"Comissão de Inquérito ao NB tem-se revelado mais uma triste novela"
Um artigo de opinião de Pedro Vaz, dirigente do PS, intitulado 'A culpa só pode ser do RSI'.
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Política Opinião
"A Comissão Parlamentar de Inquérito ao Novo Banco tem-se revelado em mais uma triste novela da sina dos portugueses. Vemos uns quantos (poucos) de portugueses que utilizaram os seus conhecimentos, posição social e avidez por lucros fáceis a beneficiar de empréstimos de centenas e centenas de milhões de euros, para de seguida deixarem calotes que acabam por ser suportados pelo português comum que vive com rendimentos de poucos milhares de euros por ano.
A desfaçatez e o à vontade com que tais personagens falam nestas audições parlamentares, sobre factos relacionados com quantias monetárias inimagináveis para todos nós, fazem-nos sentir vergonha de vivermos numa sociedade que permite este tipo de negociatas.
Pessoas como Filipe Vieira ou Moniz da Maia não podem continuar a fazer exatamente a mesma vida que faziam anteriormente, como se não estivéssemos todos a pagar os seus dislates.
É triste vermos que os bancos após 2008 tenham continuado, como se nada fosse, a dar créditos de montantes astronómicos sem quaisquer garantias, especialmente a pessoas que aparentemente demonstram que não sabem o que gerem e nada sabem fazer. Que nunca têm culpa de nada e no fim do dia, quando tudo corre mal, nada lhes acontece.
Um português “normal” quando deve uns trocos aos bancos é prontamente executado até ao osso. Esta gente pede ainda mais dinheiro emprestado, que prontamente lhes é emprestado. Como garantia dão a roupa do corpo, porque não possuem coisa alguma.
O sistema está viciado e no caso particular do Novo Banco, todos os créditos são vendidos ao desbarato, com perdas de mais de 90%, pois as imparidades são prontamente cobertas pelo português que ganha 800 euros por mês.
Obviamente que estes grandes gestores nunca têm culpa de os negócios correrem mal. Ou é a crise ou o licenciamento que não “saiu” ou o mercado que está em baixa, sem, contudo, pelo meio colocar todo o património a salvo dos credores futuros, dos tribunais e da autoridade tributária, devidamente escondidos numa arquitetura de entes jurídicos espalhados por jurisdições mais amigas.
A culpa destes milhares de milhões do BPP ao BPN, do BES ao Novo Banco, que todos temos de pagar, já todos sabemos de quem é. É do cigano que recebe o rendimento social de inserção, do imigrante que é explorado numa qualquer plantação de morangos ou do vizinho que não quer trabalhar e passa o dia a beber meias de leite e a comer croissants no café do prédio por conta do subsídio da segurança social. Esses são os verdadeiros culpados, pois esses podem ser culpabilizados por quem vive ao seu lado. São pessoas de carne e osso. Os Monizes da Maia ninguém os conhece e não frequentam o café lá de baixo.
Se não se gastasse esta ínfima parcela dos apoios da segurança social no Rendimento Social de Inserção (RSI) de certeza que os agora indigentes que se nos apresentam sem qualquer rendimento que se veja nas Comissões de Inquérito, nunca teriam tido os empréstimos que usufruíram dos bancos para comprarem carros e casas de luxo, herdades e quintas, aviões e iates e nós não estaríamos todos a pagar isso, a bem da estabilidade do setor financeiro que de gente impoluta e de bem e que ainda por cima têm de pagar impostos para o Estado os desbaratar na escola pública, no serviço nacional de saúde e nos apoios sociais. Não há direito".
Pedro Vaz, dirigente do PS
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