António Costa assumiu estas posições em declarações aos jornalistas, depois de ter entregado a sua moção de orientação política ao Congresso do PS, que se realiza em 10 e 11 de julho, na qual se insiste na continuidade estratégica de soluções à esquerda e em que se critica o posicionamento político do PSD.
Perante os jornalistas, o líder do executivo criticou a recente convenção do MEL (Movimento Europa Liberdade), dizendo que, ao longo de dois dias de "reunião da direita, não se falou de um único problema que dissesse respeito à vida dos portugueses".
"Falaram de problemas que apenas dizem respeito a eles, num concurso de feira de vaidades para saber se regressa o antigo, se aparece um novo ou se mantêm o atual. Estão entretidos nas vaidades", comentou.
Depois, o secretário-geral do PS perguntou "o que quer o dr. Rui Rio discutir sobre a reforma da justiça?".
"Quer discutir a reforma da justiça económica para assegurar uma justiça célere que garanta que as empresas podem ter confiança no cumprimento dos contratos, tal como está previsto no Plano de Recuperação e Resiliência, ou quer discutir coisas como a composição do Conselho Superior da Magistratura, porque não gosta do Ministério Público e da independência do poder judicial? Isso não é importante para os portugueses", apontou.
Partindo do exemplo da justiça, António Costa traçou uma linha de demarcação política: "Efetivamente, há um mundo que nos separa, o que é muito bom".
"É bom porque a vitalidade da democracia assenta na existência de alternativas. Se os portugueses quiserem seguir este caminho, estamos cá. Se quiserem seguir um caminho diferente, então lá está o dr. Rui Rio", sustentou.
António Costa foi ainda mais longe, considerando "perigoso se algum dos principais partidos - o PS ou o PSD -, em vez de afirmar a sua identidade, se deixa condicionar pela agenda política dos outros".
"Manifesto preocupação para a qualidade da democracia pela forma como o PSD se tem deixado condicionar e aprisionar pela agenda do Chega. Isso é que é perigoso, porque enfraquece a alternativa do PSD", acentuou.
Neste ponto, o líder socialista comentou a posição de comentadores que consideram que benéfico para o PS uma hipotética radicalização do PSD à direita.
"Dizem que até é bom para o PS, porque assim muitos eleitores da área mais do centro, que às vezes votam PS e outras no PSD, sentem-se mais confortáveis para votar no meu partido. Do ponto de vista partidário, até pode ser útil. Mas para a democracia é mau. Deve haver uma clara fronteira entre os que estão do lado da democracia e os que estão do outro lado", salientou o secretário-geral do PS.
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