Certificado vai "facilitar muito" a nossa vida mas "não é varinha mágica"
António Costa falou aos jornalistas à chegada ao Funchal, Madeira.
© PATRICIA DE MELO MOREIRA/AFP via Getty Images
Política Costa
António Costa já reagiu à aprovação do certificado digital que põe fim às restrições à circulação na Europa a vacinados, recuperados e testados.
O primeiro-ministro disse estar "muitíssimo satisfeito" com a aprovação do Parlamento Europeu, dada que esta era uma das suas "prioridades", enquanto Portugal ainda está na Presidência da UE.
Assim, afirmou que será com orgulho que na segunda-feira assinará este regulamento, que na sua opinião "vai facilitar muito a vida das pessoas".
O período experimental do certificado começa na próxima semana, revelou o primeiro-ministro, estando neste momento criadas "as condições tecnológicas", que "já foram todas testadas com a Comissão Europeia".
"Vamos começar a testar em escala a sério na próxima semana. Oficialmente, só entra em vigor no dia 1 de julho, mas até lá vamos começar a preparar, porque todos sabemos que, muitas vezes, nestas aplicações tecnológicas uma coisa é desenhá-las, outra coisa é pô-las em prática", declarou.
Contudo, defendeu que é preciso ser prudente e lembrar que este certificado não será "nenhuma varinha mágica" e que é muito pouco expetável que a economia tenha um "crescimento extraordinário" antes de 2022, dado que as pessoas ainda têm medo e as medidas de cada estado vão variando. "A pandemia ainda não acabou", lembrou.
"As pessoas têm receio ainda, o que é normal. Em segundo lugar, porque as medidas que os Estados vão aplicando vão variando, com uma enorme instabilidade, portanto, todo o planeamento das férias dos próprios, dos agentes económicos, é muitíssimo difícil. Mas obviamente, o facto de haver um certificado e, sobretudo, se os estados da União Europeia passarem a ter estabilidade nas decisões que tomam e não andarem a tomar uma decisão numa semana e outra decisão noutra semana, é evidente que isso vai facilitar muito", disse.
António Costa defendeu que o certificado não deve ser utilizado como uma forma de concorrência entre países, à procura de turistas, lembrando que "estados membros já aprenderam que não vale a pena fazer o esforço concorrencial de se porem em bicos de pé, de que uns são melhores que os outros, porque ao fazê-lo minam a confiança do mercado".
No entanto, considerou que o certificado "seguramente será um fator de agilização não só da circulação dentro da União Europeia mas também para resolver muitos dos problemas de acesso a muitos dos locais onde atualmente a dificuldades de acesso são maiores".
"Cada estado depois é livre de poder retirar todo o potencial deste certificado, seja para entrar em espetáculos, seja para entrar em estabelecimentos, seja para entrar em unidades hoteleiras. Portanto, isso vai facilitar muito a vida das pessoas", referiu.
O primeiro-ministro argumentou que o "certificado é muito importante porque não é limitativo, porque cobre, primeiro, as pessoas que estiveram doentes e já estão recuperadas, em segundo lugar, as pessoas que fizeram teste e testaram negativas, e, finalmente, as pessoas que já estão vacinadas".
"A possibilidade de este certificado ser estendido a países terceiros como o Reino Unido, assim o Reino Unido o deseje, facilitará também muito a circulação dos turistas britânicos, que não podem neste momento praticamente circular para sítio nenhum sem depois estarem no seu regresso 14 dias de quarentena", afirmou.
Passo atrás em Lisboa
Questionado sobre o facto de Lisboa não avançar no desconfinamento, e sobre se essa decisão não poderia afetar apenas as freguesias mais dramáticas da capital, o primeiro-ministro referiu que foi definida "uma matriz de risco e os passos que serão dados por cada cada concelho sempre que esteja na matriz de risco”, e portanto isso “deve ser aplicado sem exceções”.
“Não é por ser Lisboa que vamos tratar de forma diferente”, atirou, saudando os autarcas “pelo sentido de responsabilidade que têm tido” de tomarem medidas ainda antes do governo se pronunciar, como aconteceu com o cancelamentos das marchas e arraiais populares.
“Vou fazer uma pelo apelo para que aguentemos mais um pouco neste esforço”, disse, admitindo também ele estar “cansado” com esta situação.
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