"Desejo que seja feita justiça" em relação a devedores como Joe Berardo

A dirigente do BE Mariana Mortágua afirmou hoje esperar que seja feita justiça em relação a devedores aos bancos como Joe Berardo "expostos nas comissões de inquérito" que cometeram ações "muitas delas de caráter fraudulento".

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Lusa
29/06/2021 13:33 ‧ 29/06/2021 por Lusa

Política

Mariana Mortágua

Mariana Mortágua reagiu assim à notícia da detenção do empresário Joe Berardo, sobre a qual foi questionada durante uma conferência de imprensa, na sede do BE, em Lisboa, para apresentar um projeto de lei sobre moratórias bancárias.

"José Berardo foi à comissão de inquérito da Caixa Geral de Depósitos (CGD) gabar-se de ser intocável e gabar-se de ter conseguido encontrar um truque - que foi descoberto e exposto ao país nessa comissão de inquérito -, uma fraude para esconder uma coleção de arte do Novo Banco e da CGD, de forma a que essa dívida não pudesse ser cobrada", começou por responder a deputada e dirigente do BE.

Mariana Mortágua referiu que, "depois desse truque, houve muitos outros devedores que foram às comissões de inquérito, ou melhor, foram expostos nas comissões de inquérito truques muito parecidos para não pagar o que devem aos bancos" e que hoje sabe-se "o nome de alguns desses devedores".

"E tudo o que eu espero e tudo o que eu desejo é que seja feita justiça relativamente a esse tipo de ações, muitas delas de caráter fraudulento, que foram levadas a cabo para estes devedores não pagarem as suas dívidas aos bancos, com prejuízos para todos os contribuintes e para todos os portugueses", afirmou.

"Portanto, tudo aquilo que tenha a ver e que seja o funcionamento da justiça é óbvio que eu só posso ver com bons olhos, deixando a justiça trabalhar da forma que é entender que é relevante e que é importante", acrescentou a deputada.

Ao apresentar o projeto de lei do BE sobre moratórias bancárias, Mariana Mortágua observou que há "muitos exemplos de reestruturações bancárias que foram favores dos bancos a grandes clientes bancários", que "não protegeram os bancos e não protegeram o país".

"O que o Bloco propõe é, desta vez, um regime justo, concreto, que cria balizas para que as pessoas e as famílias em dificuldade possam proteger a sua habitação com o fim das moratórias", contrapôs.

O empresário Joe Berardo e o seu advogado André Luís Gomes foram hoje detidos no âmbito de uma operação que visou "um grupo económico" que terá lesado vários bancos, disse à Lusa fonte ligada ao processo.

A Polícia Judiciária anunciou hoje de manhã que fez buscas em Lisboa, Funchal e Sesimbra numa operação que visa "um grupo económico" suspeito de administração danosa, burla qualificada, fraude fiscal e branqueamento.

Em comunicado, a Polícia Judiciária adiantou que se trata de um grupo "que entre 2006 e 2009 contratou quatro operações de financiamentos com a CGD, no valor de cerca de 439 milhões de euros", e que terá causado "um prejuízo de quase mil milhões de euros" à Caixa, ao Novo Banco e ao BCP.

"Este grupo tem incumprido com os contratos e recorrido aos mecanismos de renegociação e reestruturação de dívida para não a amortizar", acrescenta a polícia no mesmo comunicado.

Na investigação, que começou em 2016, foram identificados "procedimentos internos em processos de concessão, reestruturação, acompanhamento e recuperação de crédito contrários às boas práticas bancárias".

Os investigadores procuram indícios de "atos passíveis de responsabilidade criminal e dissipação de património".

Leia Também: Fim moratórias. BE propõe regime transitório de renegociação de créditos

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