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"Não serei presidente de gabinetes. Estarei lá fora a ouvir as pessoas"

O novo presidente da Câmara Municipal de Lisboa tomou posse, esta segunda-feira, deixando um apelo ao envolvimento das pessoas na decisão sobre o futuro de Lisboa, uma cidade que Carlos Moedas "gostava que fosse conhecida como a cidade que cuida de quem precisa".

Notícias ao Minuto

18:29 - 18/10/21 por Notícias ao Minuto

Política Carlos Moedas

Carlos Moedas tomou posse, esta segunda-feira, dia 18 de outubro, como presidente da Câmara Municipal de Lisboa, após três semanas da vitória, sem maioria absoluta, em que conseguiu derrotar a candidatura do presidente cessante, o socialista Fernando Medina.

No discurso de tomada de posse, o social-democrata, que foi 'a surpresa' nas eleições autárquicas, começou por defender que "neste tempo em que vivemos, de distanciamento físico, de alteração de hábitos e de um mundo cada vez mais digital, revela-se mais do que nunca urgente recuperar os nossos rituais", como o que hoje aconteceu nesta "transição pacífica de poder, de alternância democrática".

Desta forma, realçou Carlos Moedas, "hoje assinalamos um passado que tem que ser honrado e respeitado, mas também antecipamos um futuro no qual chegará o dia em que – também nós – passaremos o testemunho".

Já sobre a cidade que "queremos deixar como legado", o autarca considerou que "Lisboa tem de ser uma casa em que todos a sintam como sua". "Os que aqui nasceram e os que para cá vieram. Os que vivem em Lisboa e os que aqui trabalham. Os mais velhos e os mais novos. A cidade tradicional e a cidade global", afirmou o autarca, acrescentando que "as populações não podem ser tratadas como entes abstratos, ouvidos de quatro em quatro anos".

"Se os políticos confiarem mais e envolverem mais os cidadãos, serão surpreendidos pela capacidade da comunidade em cuidar e preservar o seu espaço comum. Não há cidades perfeitas, mas há cidades mais felizes que outras", sustentou o social-democrata, frisando a importância do envolvimento das pessoas no processo de decisão da cidade.

"A comunidade tem de estar no centro de tudo. As soluções que realmente geram prosperidade têm que vir de baixo para cima e não de cima para baixo. Têm que partir das pessoas, têm que ser sentidas pelas pessoas, têm que servir as pessoas"

Transformar Lisboa numa "cidade fiscalmente amigável"

Sobre as decisões políticas para o quadriénio 2021/2025, Carlos Moedas revelou que a primeira obrigação é a de ajudar os lisboetas, os comerciantes locais e as empresas a recuperarem o "mais rapidamente possível" da crise provocada pela pandemia de Covid-19.

"É aqui que entra o novo programa Recuperar+ e outras iniciativas de resposta imediata e sem burocracia, mas também as nossas propostas de redução de impostos, que darão maior liquidez às famílias", apontou Carlos Moedas, destacando ainda a redução de impostos municipais, para que Lisboa seja uma "cidade fiscalmente amigável".

Na área social, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa defendeu a preocupação pela população mais frágil, no sentido de ter "uma comunidade saudável", sugerindo "um plano de acesso à saúde para os lisboetas com mais de 65 anos, que são carenciados e que hoje, em muitos casos, não têm médico de família", assim como iniciativas para apoiar as pessoas em situação de sem-abrigo e para reforçar a rede de cuidadores informais.

"Gostava que Lisboa fosse conhecida como a cidade que cuida, que cuida de quem precisa" 

Outras das áreas de intervenção que tem no horizonte do seu mandato são a habitação e o urbanismo, inclusive "acelerar a reconversão urgente do muito património municipal devoluto", assim como mobilidade, segurança, espaços verdes e cultura.

"Tenho o direito de exigir que seja respeitada a legitimidade  do nosso mandato"

Depois de anunciar algumas das medidas que quer implementar em Lisboa, Carlos Moedas relembrou no seu discurso que não tem maioria, apelando a consensos ao mesmo tempo que deixou um aviso à Esquerda.

"Tenho a obrigação de respeitar a legitimidade de cada vereador. Mas ao mesmo tempo, tenho o direito de exigir que seja respeitada a legitimidade específica do nosso mandato executivo", salientou.

Ainda sobre o mesmo assunto, o autarca reiterou que é necessário acabar com a "política de fricção", garantindo que vai trabalhar para o consenso, sem contrariar os "princípios fundamentais" do seu programa.

O pelouro de Moedas, o da transição energética e alterações climáticas

A certa altura do discurso, Moedas anunciou que vai assumir o pelouro da transição energética e alterações climáticas

"Uma cidade verde e sustentável faz-se com as pessoas. Não impondo a transição às pessoas. Uma das missões em curso é precisamente a de ajudar as cidades a ser neutras do ponto de vista de emissões de CO2. Trabalharemos em rede e em parceria com outras grandes cidades do mundo, para que Lisboa seja pioneira nesta corrida contra o tempo", assegurou. 

Antes de terminar, Carlos Moedas deixou ainda um "obrigado" aos funcionários da Câmara Municipal de Lisboa, garantindo que estará "sempre ao lado" dos trabalhadores, apesar das resistências à mudança.

"Não serei um presidente de gabinetes. Estarei lá fora a ouvir as pessoas e a trabalhar convosco", garantiu, acrescentando que "darei tudo como presidente, depois de ter deixado tudo para ser candidato".

"Vamos ao trabalho", conclui

Reveja aqui a cerimónia (e o discurso) da tomada de posse:

A cerimónia de posse do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, e a instalação dos órgãos do município de Lisboa para o quadriénio 2021/2025 decorreu na Praça do Município de Lisboa, com cerca de 700 lugares sentados, inclusive para a presença de várias personalidades como o ex-Presidente da República Aníbal Cavaco Silva, os antigos primeiros-ministros Francisco Pinto Balsemão, Pedro Passos Coelho e Pedro Santana Lopes (atual presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz), o presidente do PSD, Rui Rio, e o presidente do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, e mais de uma centena de pessoas a assistir em pé.

O presidente cessante da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, também esteve presente na cerimónia, assim como os ex-líderes do PSD Luís Marques Mendes e Manuela Ferreira Leite, os presidentes das câmaras municipais de Cascais, Carlos Carreiras, e do Porto, Rui Moreira, o presidente do Banco de Portugal e ex-ministro das Finanças, Mário Centeno, o candidato à liderança do PSD Paulo Rangel, e os antigos candidatos à liderança do PSD Luís Montenegro e Miguel Pinto Luz.

[Notícia atualizada às 19h42]

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