Num momento em que o CDS vive uma crise interna - e à beira de eleições legislativas antecipadas -, Telmo Correia, líder parlamentar, garantiu, este domingo, em entrevista à TVI24, que não irá abandonar o partido: "Eu fico". Recorde-se que, no sábado, se assistiu a uma 'debandada' no CDS, em que nomes como o de Adolfo Mesquita Nunes ou Pires de Lima abandonaram o partido.
Telmo Correia, na mesma declaração, fez questão de sublinhar as razões que o mantém firme: "Nunca tive outro partido. Estou no CDS há, provavelmente, 40 anos. Desempenhei todo o tipo de cargos pelo partido e este é o meu partido; só no Parlamento vão 20 anos", vincou.
Mas mais: "Em segundo lugar, adotei como minha divisa uma frase de um político espanhol: 'Paciência, Prudência e Perseverança'. A paciência e a prudência eu confesso que começam a esgotar-se, mas fica a perseverança. E eu vou manter a perseverança".
A terceira razão enunciada para se manter 'a bordo', explicou, prende-se com o facto de "uma coisa, num partido, é a discussão sobre liderança, sobre escolhas, sobre candidatos" e, "com o que aconteceu nos últimos tempos e no último Conselho Nacional, a discussão é sobre Democracia e sobre decência".
Sobre as figuras de proa que saíram do CDS, o deputado frisou que "não partilha" nem "concorda" com a decisão que tomaram e deixou um apelo - "como Nuno Melo fez, e bem" - que é o de "quem está no partido que fique e que continue".
"Não é pensável que Portas fugisse de uma eleição interna"
Telmo Correia lembrou a liderança de Paulo Portas, sublinhando que "além da inteligência", o ex-presidente dos centristas tem uma "característica básica: é muito corajoso". "Não é pensável, para quem conhece, que um líder como Paulo Portas fugisse de uma eleição interna, com um candidato anunciado, a horas de eleger os delegados", asseverou.
"Comparar o legado de Rodrigues dos Santos com o de Paulo Portas é comparar, sei lá, um caracol com um elefante". "Não têm qualquer espécie de comparação", reiterou.
De recordar que o Conselho Nacional do CDS-PP aprovou o adiamento, para depois das eleições legislativas, do congresso eletivo do partido, que deveria realizar-se a 27 e 28 de novembro, em Lamego. O cancelamento do congresso por proposta do presidente do partido foi aprovado com 144 votos a favor (57,8%), 101 contra (40,6%) e quatro abstenções (1,6%), disseram à Lusa várias fontes que assistiram à reunião.
O 29.º Congresso do CDS-PP estava agendado para 27 e 28 de novembro, em Lamego, distrito de Viseu. São candidatos à liderança do partido o atual presidente, Francisco Rodrigues dos Santos, e o eurodeputado Nuno Melo. 'Chicão' ressalvou que o resultado do Conselho Nacional representa "um mandato claro a esta direção para começar a preparar as próximas legislativas", enquanto o seu adversário interno defendeu que a legalidade do partido "está em causa" e que "quem foge aos votos dos militantes" não merece a "confiança dos eleitores".
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