Comité Central do PCP "foi unânime" no chumbo do OE2022, revela Jerónimo
Jerónimo de Sousa fala em "teimosia" do Governo nas negociações do Orçamento do Estado para 2022.
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Política Jerónimo de Sousa
O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, confidenciou esta quarta-feira, em entrevista à RTP 3, que o chumbo do Orçamento do Estado para 2022, que determinou a já mais do que certa dissolução do Parlamento e, consequentemente, eleições antecipadas, gerou uma discussão no partido "muito rica" e "fértil" mas a que a votação do Comité Central "foi unânime".
"Fazendo um ponto de situação, percebendo as dificuldades que existiam em relação à teimosia do Governo, à persistência em manter questões tão importantes como o Serviço Nacional de Saúde, da sua defesa, da sua salvação; a questão dos salários como uma questão estratégica (...)", enquadrou, asseverando que não é uma "reivindicação sindical". "É uma questão de política de fundo", frisou.
O líder comunista considerou também que a tese de que o Orçamento chumbado era o orçamento mais à esquerda de todos "peca por rigor". "Diz-se tudo e mais alguma coisa, quando de facto o nosso sentido, o nosso diálogo com o PS tinha sempre como questão central encontrar respostas para o país", declarou.
Questionado sobre a incompreensão que possivelmente eleitores de esquerda poderão sentir face ao posicionamento do PCP face a este Orçamento (quando comparados com outros orçamentos) o secretário-geral comunista respondeu com a "coerência" e a "determinação" do partido para justificar que não podia silenciar "matérias de fundo", nomeadamente em relação à falta de profissionais no SNS, realçando a disponibilidade dos comunistas para negociar com o PS.
"Houve momentos em que o processo de aproximação, que estava a ser muito lento, parou", contou, o que levou o PCP a pensar: "afinal, qual era o objetivo do PS? Queria um Orçamento ou não?". Sobre a promessa de aproximação ao PCP na especialidade, caso o OE2022 fosse viabilizado na generalidade, Jerónimo de Sousa atirou que todos temos "uma dose de ingenuidade" mas que "já todos perdemos a inocência".
Na entrevista, Jerónimo de Sousa reconheceu ainda que a solução denominada como Geringonça (em que o governo minoritário do PS teve o apoio dos partidos à sua Esquerda no Parlamento) valeu a pena "por aquilo que se alcançou" de 2015 em diante, apesar da "pouca audácia" do PS. No arranque, o líder comunista quis clarificar que a solução governativa encontrada em 2015 não foi uma "coligação" com o PS e que "nunca houve um Governo de maioria".
"Numa nova fase da vida nacional, o PCP definiu com rigor o seguinte: o grau de convergência determina o nível de compromisso", afirmou, considerando que essa afirmação "continua a ter atualidade". Jerónimo de Sousa defendeu que o posicionamento do PCP "sempre foi claro". Um posicionamento "de crítica" ao PS "devido à sua subordinação à UE e ao Euro".
O Orçamento do Estado para 2022 foi chumbado na generalidade na quarta-feira passada, 27 de outubro, com votos contra de PSD, BE, PCP, CDS-PP, PEV, Chega e Iniciativa Liberal. A proposta do Governo minoritário do PS teve votos a favor apenas da bancada socialista e abstenções do PAN e das deputadas não inscritas Joacine Katar Moreira e Cristina Rodrigues.
Duas semanas antes, em 13 de outubro, após PCP e BE acenarem com o voto contra, o Presidente da República avisou que um chumbo do Orçamento conduziria "muito provavelmente" à dissolução do Parlamento e a eleições legislativas antecipadas, que estimou que se realizariam em janeiro. Depois de ouvidos os conselheiros de Estado, que deram um parecer favorável à dissolução do Parlamento, o Presidente vai falar ao país às 20h de quinta-feira para formalizar a sua decisão e anunciar a data das eleições antecipadas.
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