PS e BE questionam Governo dos Açores sobre condições do Chega
PS e BE ficaram hoje sem resposta no parlamento açoriano quando questionaram o presidente do Governo PSD/CDS-PP/PPM sobre se era verdade o que afirmou o deputado do Chega quanto a uma garantia de remodelação do executivo.
© Facebook / José Manuel Bolieiro
Política Açores/Crise
No debate sobre o Plano e Orçamento Regionais para 2022, que decorre desde segunda-feira no plenário da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores (ALRAA), na Horta, a pergunta foi repetida pelo deputado bloquista António Lima depois de o presidente do executivo, José Manuel Bolieiro, ter dito ser sua "competência exclusiva" uma remodelação governamental.
O deputado único do Chega Açores indicou na sexta-feira estar em negociações para viabilizar o Orçamento Regional, apontando como uma das condições para tal uma remodelação governamental que o presidente do Governo lhe garantiu estar "para breve".
"O que tem de dizer é se é verdade, ou não, o que disse o deputado José Pacheco, de que tem a sua garantia quanto a uma remodelação do Governo. Os açorianos têm de saber quem manda no Governo dos Açores", frisou António Lima, deputado do BE.
Vasco Cordeiro, líder da bancada dos socialistas no parlamento açoriano e ex-presidente do Governo, alertou que "é óbvio que a competência política formal de uma remodelação é do Governo".
"Mas não desmentiu a remodelação e isso tem um significado", observou.
O deputado socialista perguntou ainda "a que custo está garantida a aprovação do Orçamento", tendo ficado também sem resposta sobre se o executivo, ou os partidos que o suportam no parlamento, aprovaram as condições impostas pelo deputado do Chega para viabilizar as contas regionais.
O líder da bancada do PSD criticou o PS por ser "a bengala da extrema-radical", referindo-se ao BE.
"A discussão faz-se nesta casa. Não fechamos a porta a ninguém. Chegaremos também a entendimento com o PS, para não permitir os desvarios que assinou com o BE", disse João Bruto da Costa.
Vasco Cordeiro recusou que o PS seja "bengala do BE".
"O que se vai demonstrando é que não só o PSD é bengala do Chega, como o Governo dos Açores é a bengala do Chega. Mais do que isso, o Chega não é só bengala, é andarilho", acusou.
O presidente do Governo dos Açores, José Manuel Bolieiro, disse que o PS está em "desespero" pela "perda de poder" e realçou que a "estabilidade" é um "bem político".
Bolieiro insistiu que a decisão sobre o Plano e o Orçamento cabe agora aos partidos, uma vez que o Governo Regional já entregou as propostas na Assembleia: "Agora é o parlamento que decide", assinalou.
Paulo Estêvão, do PPM, criticou Vasco Cordeiro por anunciar o voto contra o Orçamento "antes da discussão".
"[O PS] tem o dever de apresentar um conjunto de projetos e não tem ideias, não tem projetos, não tem nada para apresentar, a não ser esse número de politiquices. Esta é uma discussão irrelevante porque vossa excelência já disse que votaria contra", lamentou.
"A exigência para um partido como PS é apresentar uma alternativa sólida", insistiu.
Carlos Furtado, deputado independente (ex-Chega), esgotou o tempo de que dispunha para intervir em todo o debate sobre o Orçamento, que continua nos próximos dias, para dizer ao presidente do Governo Regional dos Açores que acredita que este, em devido tempo, vai mostrar aos eleitores se "está, ou não, cativo de soluções que possam vir de Lisboa".
"Fui traído no compromisso que assinei no início da legislatura. O que lhe vendi não foi o que lhe entreguei. Era insuportável o ambiente que se vivia naquele partido [Chega]. Quando sentir a pressão que eu senti, fará o mesmo", observou.
O Orçamento Regional dos Açores começou a ser debatido na segunda-feira pelo parlamento açoriano na Horta, ilha do Faial, e a sua aprovação está dependente dos votos do deputado do Chega, do representante da Iniciativa Liberal, e do deputado independente (ex-Chega), que já garantiu que vai honrar o seu compromisso na votação.
A direção nacional do Chega pediu na quarta-feira ao partido nos Açores para retirar o apoio ao Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM), mas o deputado único do partido, José Pacheco, disse que "nada está fechado e tudo pode acontecer" dado que há negociações em curso.
A Assembleia Legislativa é composta por 57 eleitos e a coligação de direita, com 26 deputados, precisa de mais três parlamentares para ter maioria absoluta.
A coligação assinou um acordo de incidência parlamentar com o Chega e o PSD com a Iniciativa Liberal (IL).
O deputado único da IL, Nuno Barata, ameaçou votar contra, referindo agora que continua "a lutar" nas negociações.
O parlamento conta ainda com mais 28 deputados: 25 do PS, dois do BE e um do PAN. Estes partidos anunciaram já o voto contra o Orçamento.
Leia Também: Deputado do Chega Açores está em "conversações" com o Governo Regional
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com