Não podemos estar sempre num crescendo de tensão com a Rússia, diz Costa
O primeiro-ministro, António Costa, defendeu hoje que a UE deve dialogar com Moscovo, além de adotar as "medidas de prevenção" para uma eventual agressão militar à Ucrânia, pois é desaconselhável "estar sempre num crescendo de tensão com a Rússia".
© Lusa
Política UE/Cimeira
"Eu acho que nós temos de caminhar para uma situação que contribua positivamente para uma situação de distensão. E, por outro lado, no âmbito da NATO, tomar todas as medidas que sejam necessárias tomar para assegurar o cumprimento e o respeito da lei internacional", declarou à imprensa, à entrada para um Conselho Europeu marcado pelas tensões a Leste, e designadamente a forte concentração de meios militares russos junto à fronteira com a Ucrânia.
Assumindo que é necessário "adotar as medidas de prevenção necessárias para assegurar o cumprimento da legalidade internacional", Costa enfatizou, todavia, que a União Europeia deve atuar numa "dupla dimensão" e continuar a investir em paralelo na diplomacia.
"Nós não podemos estar sempre num crescendo de tensão com a Rússia, e, portanto, temos de agir em duas dimensões", disse, apontando que a primeira dimensão é o "diálogo" e defendendo que este deve prosseguir no chamado 'Formato da Normandia', o fórum negocial que envolve Rússia, Ucrânia, França e Alemanha, e que na sua opinião "tem funcionado bem".
Depois de já terem abordado a tensão entre Rússia e Ucrânia na Cimeira da Parceria Oriental celebrada na quarta-feira em Bruxelas, os líderes dos 27 voltam a discutir o tema no Conselho Europeu que decorre hoje.
No final da reunião de quarta-feira, que juntou os líderes da UE e os chefes de Estado e de Governo da Ucrânia, Arménia, Azerbaijão, Geórgia e Moldávia -- a Bielorrússia 'de' Alexander Lukashenko está atualmente de fora da parceria -- os presidentes do Conselho Europeu, Charles Michel, e da Comissão, Ursula von der Leyen, reiteraram as mensagens de advertência a Moscovo, garantindo que qualquer agressão à integridade territorial e soberania da Ucrânia terá "um preço elevado".
"Tivemos a oportunidade de reafirmar o nosso apoio à Ucrânia, o nosso apoio à sua integridade territorial e à sua soberania. Amanhã [quinta-feira], no formato do Conselho Europeu, teremos a oportunidade de voltar a este assunto e de dizer com força, em conjunto com os nossos parceiros, no quadro da NATO, do G7, das nossas relações com os Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, que, no caso de haver agressões militares contra a Ucrânia, haverá uma resposta forte e um preço alto a pagar pelos autores dessa agressão", declarou Charles Michel.
Von der Leyen também se referiu à "preocupação partilhada" por todos os membros da Parceria Oriental com a concentração de meios militares da Rússia na fronteira com a Ucrânia e voltou a exortar Moscovo a abster-se de qualquer ato agressivo.
"Não devem restar dúvidas: a União Europeia vai responder de forma muito firme a qualquer agressão contra a Ucrânia [...] Se a Rússia cometer ações agressivas contra a Ucrânia, o preço vai ser elevado e as consequências graves", advertiu.
Eventuais novas sanções a Moscovo não vão estar contudo hoje sobre a mesa de líderes da UE, pois vários chefes de Estado e de Governo consideram que a tomada de medidas mais duras nesta fase apenas iria contribuir para uma escalada da tensão com Moscovo.
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