Soeiro acusa Rio de "exibir um preconceito de sempre da direita"
Em causa estão as afirmações do social-democrata quanto ao corte dos apoios sociais, no encerramento do 39.º Congresso do PSD.
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Política RSI
Rui Rio, presidente do PSD, acusou este domingo o deputado do Bloco de Esquerda José Soeiro de ter deturpado as suas palavras quanto ao corte dos apoios sociais em Portugal, num artigo de opinião publicado no jornal Expresso. Este último, por sua vez, respondeu à letra, acusando o social-democrata de "exibir um preconceito de sempre da direita" perante o Rendimento Social de Inserção (RSI).
"Eu nunca disse que queria cortar apoios sociais, disse que os queria fiscalizar melhor. O deputado do BE deturpa no seu artigo no Expresso o que eu disse. Já estamos a ver como vai ser até 30 de janeiro. À falta de melhor, deturpam; e não tem sido, nem vai ser, só o BE", ataca Rio, na sua conta da rede social Twitter.
Numa resposta publicada na mesma plataforma, Soeiro aponta que "num país com 40% de desempregados sem subsídio e valor médio RSI de 119€ por pessoa, Rio diz que a falta de mão de obra resulta de apoios sociais que fazem com que as pessoas se furtem ao trabalho", acusando o presidente do PSD de "deturpar a realidade", além de "exibir um preconceito de sempre da direita".
Num país com 40% de desempregados sem subsídio e valor médio RSI de 119€ por pessoa, Rio diz que a falta de mão de obra resulta de apoios sociais que fazem com que as pessoas se furtem ao trabalho. Isto é que é deturpar a realidade. E exibir um preconceito de sempre da direita. https://t.co/PW9UJYwr25
— José Soeiro (@josesoeiroporto) December 26, 2021
Soeiro vai mais longe, resgatando a afirmação de Rio no encerramento do 39.º Congresso do PSD de que "não é racional manter apoios sociais a quem os usa para se furtar ao trabalho e dessa forma condicionar a própria expansão empresarial que cada vez mais se lamenta da falta de mão-de-obra disponível para trabalhar."
"Não admira o aplauso de Ventura", ironiza, referindo-se às declarações do deputado do Chega no mesmo jornal, que reitera ter gostado de ver Rio "tocar em pontos que são importantes para a direita, como é o caso da subsidiodependência, da fiscalização dos apoios sociais e de percebermos que não podemos ter um país em que andam uns a trabalhar e outros a viver à conta desses."
Recorde-se que o RSI nasceu a 1 de julho de 1996, como Rendimento Mínimo Garantido, tratando-se de uma prestação social para as pessoas que estão numa situação de pobreza extrema. O RSI é constituído por uma prestação em dinheiro e por um programa de inserção, ao qual está associado um contrato que estabelece as condições e os objetivos para uma progressiva inserção social, laboral e comunitária dos beneficiários. Neste momento, quase 218 mil pessoas recebem este apoio.
No mês passado, a presidente da Cáritas, Rita Valadas, defendeu que o RSI ou o abono de família são insuficientes para combater a pobreza, sendo apenas um custo quando desarticuladas.
"Eu fiz uma consulta à rede [nacional de Cáritas diocesanas], porque foram celebrados os 25 anos do RSI, e o que me dizem é que neste momento o RSI é um diálogo entre uma pessoa pobre e um assistente social sem recursos", revelou.
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