Questão colocada hoje ao PS "não é muito diferente" do cenário de 2015
O dirigente comunista João Oliveira sustentou hoje que a questão que o PCP colocou ao PS sobre uma futura convergência "não é muito diferente" da afirmação feita por Jerónimo de Sousa em 2015 e que originou a 'geringonça'.
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Política Legislativas
"A CDU demonstrou na prática como se constroem convergências. A questão que está colocada neste momento diria que não é muito diferente", disse à agência Lusa João Oliveira, aludindo à afirmação feita pelo secretário-geral do PCP em 2015, quando disse que o PS "só não forma Governo se não quiser".
Jerónimo de Sousa disse em várias ocasiões ao longo do último ano que foi o PCP que há seis anos viu o que os outros partidos não conseguiam ver e que se traduziu na solução de um Governo socialista apoiado pela maioria de esquerda na Assembleia da República, apesar da vitória da coligação entre PSD e CDS-PP nas eleições legislativas.
Questionado sobre se, volvidos seis anos, e a pouco mais de uma semana das legislativas, o PCP está a antever um cenário que as outras forças políticas ainda não viram, o líder parlamentar comunista confirmou que pode haver uma convergência para voltar a afastar a direita do poder, mas com perspetiva de melhorar as condições de vida dos portugueses.
No entanto, prosseguiu, "o PS fechou-se nesse discurso da ou maioria absoluta ou governação 'peça a peça', como disseram 'à Guterres', que na prática significa entendimentos com o PSD nas questões que são decisivas".
E João Oliveira voltou à carga exigindo ao PS para "clarificar o que é que faz" se houver condições para impedir um regresso do PSD ao poder.
"O sentimento que existe não é de facto um sentimento que corresponde àquele discurso em que o PS se fechou e àquelas soluções das quais o PS não sai. O PS deve responder a este desafio que lhe lançámos, de dizer claramente se recusa essa convergência connosco", insistiu o membro da comissão política do Comité Central do PCP.
Em 2015, explicou João Oliveira, havia uma questão concreta: acabar com o Governo liderado por Pedro Passos Coelho desde 2011 e criar condições para melhorar as condições de vida dos trabalhadores.
Em 2022, considerou, a questão voltou a colocar-se porque o PS quis fazer a cisão dos últimos anos e avançar para eleições em busca da maioria absoluta. No entanto, os comunistas estão disponíveis para voltar a convergir e a impedir o regresso do PSD ao poder.
Aliás, o dirigente comunista disse acreditar que a população no dia 30 vai demonstrar ao PS que pretende essa convergência em vez da maioria absoluta que António Costa apregoa desde a rejeição da proposta de Orçamento do Estado para 2022.
João Oliveira está a substituir o secretário-geral do PCP até ao início da próxima semana, enquanto Jerónimo de Sousa está a recuperar de uma cirurgia de urgência à carótida interna esquerda a que foi submetido em 13 de janeiro.
A campanha eleitoral da CDU começou por ser dividida com João Ferreira e o partido previa que o antigo eurodeputado comunista assumisse por inteiro a agenda do secretário-geral, enquanto João Oliveira prosseguiria com a campanha pelo distrito de Évora, por onde volta a ser o cabeça de lista.
No entanto, João Ferreira contraiu a covid-19 no início da semana e teve de abandonar a campanha da CDU.
Nas legislativas de 2019, a Coligação Democrática Unitária (CDU) - que integra o PCP, o Partido Ecologista "Os Verdes" (PEV) e a associação Intervenção Democrática - elegeu 12 deputados (10 do PCP e dois do PEV) e obteve 6,33% dos votos, ou seja, 332.473 votos (de um total de 5.251.064 votantes), menos 113.507 do que em 2015, de acordo com o Ministério da Administração Interna.
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