A cinco dias das eleições legislativas, António Costa abordou algumas das principais temáticas que têm marcado a atualidade política do país, em entrevista à CNN Portugal. Neste âmbito, o secretário-geral socialista fez questão de reforçar que "nenhum governo do PS ficará refém do Chega".
Explicando melhor esta afirmação, o atual primeiro-ministro sustentou que, caso volte a conseguir formar governo como consequência das eleições legislativas de 30 de janeiro, não estará em cima da mesa a possibilidade de existência de um executivo preocupado em "mitigar as posições" do partido da extrema-direita.
António Costa pretendeu, deste modo, distanciar-se do principal partido da oposição e seu principal oponente nestas eleições, o PSD. Isto porque, na sua ótica, o PSD é um partido "que se deixa ficar refém do Chega". "Ainda esta semana ouvimos, numa entrevista, dizer que não quer ministros do Chega. Isso também nos Açores foi dito, [...] mas não é por isso que o Governo dos Açores não está dependente do Chega", argumenta o dirigente do PS.
O primeiro-ministro em funções criticou ainda Rui Rio por não ter sido capaz de estabelecer um "cordão sanitário face à extrema-direita", como tendo acontecido com os partidos que fazem parte do "círculo democrático", dentro do contexto europeu.
Assumindo-se como "o principal inimigo do Chega", António Costa acredita ainda que o "PSD é um partido que aceita ficar dependente do Chega para ter um governo viabilizado", num contexto em que André Ventura diz querer "fazer tudo o que estiver ao seu alcance para tirar o PS do Governo".
Sobre possíveis soluções para uma governação futura, o líder socialista diz-se disponível para "promover o diálogo com todos", à exceção do partido de Ventura, bem como criar "soluções de estabilidade" para os próximos quatro anos, caso não seja capaz de atingir a maioria absoluta. "Cumprirei o mandato que me derem, sejam quais forem as condições", garantiu.
Questionado sobre a possibilidade de se coligar ao Bloco de Esquerda e à CDU para garantir uma eventual maioria, Costa garante que "na política não há zangas" e que "o que importa é o futuro".
Isto porque, nas suas palavras, o país tem de "fazer um esforço" para superar a situação política complexa causada pelo chumbo do Orçamento do Estado para 2022. "Precisamos de não andar de crise em crise, de governo provisório em governo provisório", rematou.
Leia Também: Costa afirma que Portugal cresceu 4,6% em 2021 "apesar da pandemia