Azeredo Lopes considerou, esta terça-feira, que a redução - e, no caso dos Estados Unidos, a interrupção - da importação do petróleo produzido pela Rússia é não só uma resposta à invasão das tropas russas na Ucrânia, como também “um golpe terrível”.
Num artigo de opinião na CNN, o ex-ministro da Defesa defende que o anúncio de Bruxelas sobre a redução da importação do gás russo em dois terços até ao final do ano tem em vista dois objetivos. Para além de “enfraquecer de vez, ou pelo menos de forma perene, a ameaça russa, qualquer que seja o regime que nela se instale”, Bruxelas terá, consequentemente, como objetivo “limitar a zero ou próximo do zero a dependência energética relativamente à Rússia”.
Lembrando que as importações de petróleo russo para a União Europeia (UE) variam, aproximadamente, entre 5% e 80%, o ex-ministro lembra que o bloco europeu “vai ter que aguentar as repercussões”, que, pelas diferenças de importação para cada país são consideradas difíceis de antecipar.
Quanto ao futuro dos países, Azeredo Lopes considera que com a redução da importação de 40% para cerca de 13% na UE e o término nos EUA, a Rússia vai enfrentar “um destino sombrio” que, na sua opinião, se estenderá para além do governo de Putin.
Quanto à UE, o ex-ministro fala de uma “medida de coragem”, explicando que as medidas são sempre “tanto mais corajosas quanto maior for o impacto, direto ou indireto, na economia de cada um. Por isso, se eu tiver 1000 e prescindir de 50, não sou herói coisa nenhuma. Sou é corajoso se, tendo 100, prescindir também de 50 [...]. Vai haver os que vão continuar a não depender; e aqueles que vão, tão-só, com mais ou menos sacrifícios, reconstituir de forma laboriosa novas dependências. É a vida, ninguém disse que as relações internacionais se desenvolviam no Céu”.
Azeredo Lopes defendeu ainda que existe “mais ou menos” evidência de que vai haver uma recomposição de poder “dramática” no leste europeu e, sem especificar como, que países como a Alemanha, Polónia e Ucrânia vão colher ganhos.
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