"Don Fernando", o ministro das Finanças "premiado sem motivo aparente"
Recordando o caso da divulgação de dados de três ativistas russos à embaixada de serviços consulares da Rússia pela Câmara Municipal de Lisboa (CML), o jornal aponta que a "máquina socialista" abafou os vários 'deslizes' do novo ministro das Finanças.
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Política XV legislatura
O jornal espanhol ABC teceu duras críticas ao “polémico” Fernando Medina, nomeado de António Costa para ministro das Finanças no novo Executivo, que acusa de ter sido “premiado sem motivo aparente”.
Recordando o caso da divulgação de dados de três ativistas russos pró-Navalny à embaixada de serviços consulares da Rússia pela Câmara Municipal de Lisboa (CML), o jornal considera ainda que a “máquina socialista” abafou os vários ‘deslizes’ do novo membro do Governo – que não se ficaram pela partilha de dados de opositores à Rússia.
Chamando a atenção para a nomeação do antigo presidente da CML para o cargo de ministro das Finanças, o ABC não deixa esquecer as suas “repetidas admissões de que divulgou dados a Vladimir Putin [presidente russo] sobre dissidentes russo em exílio em Portugal”.
O “erro óbvio” de Medina abriu-lhe, contudo, novas portas para a arena política, sendo “premiado sem motivo aparente”.
“O facto é que lá está ele de novo, reciclado e como se a retumbante batida dos lisboetas se tivesse desintegrado”, acrescenta, numa referência às eleições municipais, nas quais Carlos Moedas saiu vitorioso.
“Don Fernando, como é chamado ironicamente por alguns, não 'amarrotou as roupas' quando reconheceu os factos, que deram origem a uma chuva de críticas sem precedentes”, aponta, recordando a “tempestade política” que brotou, após ter sido revelado que a CML enviou informações pessoais de três ativistas russos, entre eles Aleksei Navalny, à Embaixada da Rússia, em Lisboa, e ao Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, em Moscovo.
Apesar de ter estado ‘debaixo de fogo’, as críticas a Medina “não deram em nada, devido à atuação da ‘máquina socialista’”, que “abafou as suas consequências”.
Para o jornal, Medina escondeu-se atrás do comunicado de que foi "um erro lamentável na CML que não podia ter acontecido", negando uma “suposta cumplicidade” com Putin.
Ainda assim, o jornal recorda que o ex-autarca repetiu a ‘proeza’ com Israel, ao denunciar a presença de manifestantes palestinos em Lisboa. Também o Grupo de Apoio ao Tibete foi afetado quando saiu à rua, tendo Medina enviado “informações sobre os protagonistas ao governo chinês”.
O novo ministro das Finanças “teve outro desses ‘deslizes’ com a Venezuela”, aponta o jornal, ao informar representantes do presidente daquele país, Nicolás Maduro, de manifestações que denunciavam o regime de opressão em Caracas.
“Como é que é possível que um governo democrático da União Europeia se tenha enredado neste labirinto diplomático? É o sintoma de que a NATO dificilmente pode confiar em Portugal, ou é muito exagerado levantar uma questão deste calibre?”, atira.
Recorde-se que os dados dos ativistas afetados terão sido obtidos pela autarquia na sequência da organização de uma manifestação contra a prisão do opositor russo Alexei Navalny, em frente à Embaixada da Rússia, em Lisboa. O caso, avançado pelo jornal Expresso, veio à tona quando uma das visadas, Knesia Ashrafullina, reparou numa mensagem reencaminhada, com o seu nome e email, juntamente com um ficheiro PDF anexado, no qual se encontravam os dados das três pessoas que estavam a organizar o protesto.
O XXIII Governo Constitucional, o terceiro liderado por António Costa, tomou posse esta quarta-feira, no Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa. A cerimónia aconteceu dois meses depois das eleições legislativas de 30 de janeiro, nas quais o Partido Socialista saiu vitorioso, conquistando a maioria absoluta. O novo Governo - composto por 17 ministros e 38 secretários de Estado -, será empossado pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
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