Nem à primeira, nem à segunda. Os dois nomes propostos pelo Chega para a vice-presidência da Assembleia da República - primeiro Diogo Pacheco de Amorim e depois Gabriel Mithá Ribeiro - foram chumbados pelos pares, fazendo com que, pelo menos para já, o partido de André Ventura não tenha representação na mesa do Parlamento.
O 'chumbo' foi também o destino do nome apresentado pelo Iniciativa Liberal - João Cotrim Figueiredo - com o partido a 'desistir' de apresentar um nome para a segunda votação.
O liberal Rodrigo Saraiva, considerou que a votação significou "a Democracia a funcionar" e que o partido respeita a Democracia, não deixando de lamentar que o Parlamento não reconheça o trabalho de João Cotrim Figueiredo na anterior legislatura, na qual teve "zero faltas" no plenário. "Aceitamos, respeitamos e não iremos reapresentar nem a candidatura do próprio João [Cotrim Figueiredo] nem de outro membro do grupo parlamentar da Iniciativa Liberal", anunciou, na altura.
Pacheco de Amorim conseguiu 35 votos favoráveis e Cotrim Figueiredo 108, aquém dos 116 votos necessários para obterem a maioria absoluta e serem eleitos. O candidato do Chega teve 183 votos brancos e seis nulos, enquanto Cotrim Figueiredo teve 110 brancos e seis nulos.
À primeira tentativa, Edite Estrela, do PS (com 159 votos a favor, 59 brancos e seis nulos), e Adão Silva, do PSD (com 190 a favor, 28 brancos e seis nulos), foram eleitos vice-presidentes da Assembleia da República.
O filme da segunda votação
Posteriormente, na segunda votação, em que apenas estava em causa a eleição (ou não) de Mithá Ribeiro, o deputado obteve 37 votos a favor, 177 brancos e 11 nulos, aquém dos 116 deputados necessários para conseguir a maioria absoluta e ser eleito vice-presidente.
No final deste segundo 'chumbo', o presidente do Chega e deputado André Ventura transmitiu, em plenário, um "sentimento de profunda indignidade e injustiça" pelo resultado, falando em "maiorias de bloqueio parlamentar". Tal como tinha sido acordado em conferência de líderes, Ventura adiantou que o Chega não irá apresentar hoje nenhuma outra candidatura, "reservando-se para o fazer quando entender apropriado".
Também João Cotrim Figueiredo reagiu ao facto de não ter sido eleito para a mesa da Assembleia, alinhando, contudo, por outro diapasão: o de desdramatizar. "Para a Iniciativa Liberal, estar ou não estar na mesa da Assembleia da República não representa um retrocesso ou qualquer tipo de menor força daquilo que pretende fazer", explicitou. "Dá-nos mais força para continuar um trajeto que sabemos, e tivemos hoje essa confirmação, parece não agradar aos partidos dos sistema", frisou ainda o líder da IL, que encara este 'chumbo' de hoje como uma "derrota pessoal".
Com a votação, encerrou-se a segunda sessão plenária da XV legislatura, tendo sido eleitos dois dos quatros vice-presidentes do Parlamento, Edite Estrela (PS) e Adão Silva (PSD), e os quatro secretários e quatro vice-secretários, todos indicados também por socialistas e sociais-democratas. "Nos termos do artigo 23.º do regimento, a Mesa tem quórum de funcionamento e portanto está constituída", afirmou Santos Silva, presidente da Assembleia da República.
De recordar que já houve, no passado, nomes propostos para membros da Mesa que falharam a eleição, incluindo para o lugar de presidente da Assembleia da República. Na XV legislatura, o Chega é a terceira força política, com 12 deputados, depois do PS (120) e do PSD (77). Seguem-se IL (oito deputados), PCP (seis) e BE (cinco). O PAN e o Livre têm um deputado cada.
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