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Zelensky na AR? Esquerda e Direita criticam o PCP: "Inqualificável"

Deputados de quase todos os partidos acusam o PCP de questionar a legitimidade da luta ucraniana.

Zelensky na AR? Esquerda e Direita criticam o PCP: "Inqualificável"
Notícias ao Minuto

20:10 - 20/04/22 por Hélio Carvalho

Política PCP

Não demorou muito até serem conhecidas as primeiras reações à decisão do Partido Comunista de faltar à sessão solene no Parlamento que acolherá o discurso via videoconferência do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. Da esquerda à direita, choveram críticas contra os comunistas, acusando o partido, mais uma vez, de se colocar do lado da Rússia.

A deputada socialista Isabel Moreira foi um dos nomes do lado do Partido Socialista a criticar a posição do PCP, fazendo um jogo de palavras com a palavra "avante", comummente associada à gíria comunista.

"Nós a pensarmos que [a Ucrânia] representa um país soberano ilegalmente invadido pela Rússia de Putin. Mais do mesmo. Mais desta desumanidade. Avante? Não creio", afirmou a deputada do PS.

Também na bancada do PS, desta vez em Estrasburgo, o eurodeputado socialista e ex-ministro Pedro Marques considerou a decisão dos comunistas como "aberrante".

"Perante a bárbara invasão da Ucrânia e os crimes de guerra cometidos pelas forças russas, não há como justificar esta posição aberrante do PCP. Entre liberdade e opressão, insistem na "neutralidade". Embaraçoso", afirmou.

Do outro lado do Parlamento, o deputado do PSD e cabeça-de-lista por Lisboa, Ricardo Baptista Leite - um dos rostos do PSD durante a pandemia -, foi um dos primeiros deputados a usar o Twitter para denunciar a "vergonha" que sente "pela atitude dos comunistas portugueses".

"É incompreensível que estes deputados sejam incapazes de ficar na sala para ouvir o Presidente eleito da Ucrânia num momento em que o seu povo luta pela vida e pela liberdade", vincou Baptista Leite.

O também deputado do PSD, Tiago Moreira de Sá, comparou a "coerência" no apoio do PCP a regimes considerados totalitários com a "incoerência" no apoio à solução governativa que uniu a esquerda entre 2015 até à maioria absoluta do PS.

Já a ex-deputada do PSD, Margarida Balseiro Lopes (que saiu do Parlamento nesta legislatura) teceu duras críticas aos comunistas, lamentando que a posição do PCP "choca, mas não surpreende".

Inqualificável. Faltam-me as palavras para qualificar esta atitude do PCP. Embora, em rigor, ela seja coerente com o apoio à Venezuela, à Coreia do Norte, à Síria, etc. Incoerente é quem ontem não via problema nenhum na geringonça...https://t.co/xdInfhOISG

Ainda mais à direita, na Iniciativa Liberal, a deputada recentemente eleita Joana Cordeiro disse simplesmente que ao PCP, "para a próxima nem a Margem Sul" o "safa", aludindo ao fraco resultado eleitoral nas últimas legislativas.

A porta-voz do Pessoas-Animais-Natureza (e agora deputada única), Inês de Sousa Real, juntou-se às acusações, questionando a atitude dos comunistas "depois de todas as atrocidades" documentadas na Ucrânia.

Fora do Parlamento, o fundador do partido federalista europeu Volt, Tiago Matos Gomes, também comentou a decisão, vaticinando que os comunistas "assim vão sabendo o que é estar fora do parlamento".

A líder parlamentar do PCP, Paula Santos, anunciou esta quarta-feira a decisão do Partido Comunista de se ausentar do Parlamento durante o discurso de Zelensky, marcado para quinta-feira, às 17h.

A deputada reafirmou que o PCP defende uma "solução negociada" e considerou que o presidente ucraniano "personifica um poder de cariz xenófobo e belicista" e pratica uma política de "discriminação com base na língua". O PCP continua a defender que houve um golpe de estado em 2014, que depôs o então presidente Viktor Yanukovych, e não confere legitimidade ao governo de Volodymyr Zelensky, eleito em 2019.

Segundo os dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, a guerra na Ucrânia já fez mais de 2.000 mortos entre a população civil ucraniana, mas a agência da ONU alerta que o número de mortos poderá ser muito superior depois de contabilizadas as vítimas em cidades sitiadas e muito bombardeadas pelos russos.

[Notícia atualizada às 23h52]

Leia Também: Sessão com Zelensky com convidados nas galerias, hinos no final e sem PCP

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