O comunista Bernardino Soares disse na segunda-feira, em declarações à CNN Portugal, que a "intervenção do presidente Marcelo" no que diz respeito a uma maior necessidade de investimento nas Forças Armadas "é oportuna e põe em cima da mesa um problema fundamental".
Isto porque, na perspetiva do antigo presidente da Câmara de Loures, "ao longo das últimas décadas as nossas Forças Armadas não têm tido o investimento adequado para poderem cumprir a sua missão de defesa da soberania nacional, de acordo com o que a Constituição prevê".
Isto, por um lado, porque as mesmas "foram progressivamente condicionadas pelas opções da NATO", tendo os governos procurado "equipar as Forças Armadas mais em função das missões que a NATO ia atribuindo, ou de outras missões externas", em detrimento das "necessidades nacionais", considerou.
Para além de alertar para uma necessidade de investimento ao nível dos equipamentos, "que também precisam de ser substituídos", Bernardino Soares destaca uma outra dimensão que considera ser "tão importante, ou até mais": a "condição dos militares", no que concerne, nomeadamente, a sua "remuneração" ou a "possibilidade de progressão na carreira".
É a este "conjunto de outras circunstâncias da condição militar" que o comunista referiu que deve ser dada uma maior atenção. "Não existindo e não estando a ser valorizadas, fazem com que hoje haja muita dificuldade de recrutamento para as Forças Armadas", asseverou.
As declarações foram proferidas depois do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ter centrado o discurso que proferiu no âmbito da sessão solene do 25 de Abril no tema das Forças Armadas, tendo pedido "mais meios imprescindíveis" para as mesmas e "um consenso nacional continuado e efetivo" para fortalecer este "pilar crucial".
O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, tinha também já reagido a estas declarações do chefe de Estado, considerando que o mesmo tinha omitido "o problema principal com o qual hoje as Forças Armadas se debatem que é o seu estatuto socioprofissional, as suas promoções, as suas carreiras, os seus vencimentos".
Já o primeiro-ministro, António Costa, garantiu que o Governo está em “total sintonia” com o Presidente da República no que toca a esta temática, que considerou ser "um elemento estruturante da nossa nação". Reconheceu assim, neste âmbito, a "importância de fortalecer as Forças Armadas para as suas varias missões”.
Leia Também: Covid-19 e guerra fazem portugueses "ver com outros olhos" papel das FA