Finlândia e Suécia na NATO? "É erro que agrava tensões de forma inútil"

Francisco Louçã fez assim referência ao que disse ser uma "viragem" no contexto europeu.

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Ema Gil Pires
13/05/2022 23:08 ‧ 13/05/2022 por Ema Gil Pires

Política

Francisco Louçã

Francisco Louçã, no seu habitual espaço de comentário na SIC Notícias, considerou, esta sexta-feira, que a adesão da Suécia e da Finlândia à NATO é um "erro que agrava as tensões de uma forma inútil".

O antigo coordenador do Bloco de Esquerda fez esta afirmação por considerar que a "Suécia tem forças armadas muito capazes e seria muito duvidoso que a Finlândia pudesse ser ameaçada". Lembrou ainda, a este propósito, o "caso da Áustria, que não mudou de posição" quanto ao seu estatuto de neutralidade.

Francisco Louçã referiu ainda o que considera ser uma "viragem" no contexto europeu, que ainda "não sabemos se se concretiza". Isto porque terá de "haver unanimidade entre todos os 30 países" que constituem a Aliança Atlântica, existindo ainda "vários obstáculos" para que tal adesão se possa efetivar.

Ainda assim, aquilo que o economista descreveu como sendo o "avanço da NATO vai aparecendo como uma tentativa de consolidar politicamente a sua vantagem". Algo que, na sua perspetiva, "em vez de consolidar acordos futuros de segurança na Europa, tornam-nos mais difíceis, porque as ameaças sucessivas vão escalando e isso é irreparável".

Esta eventual adesão da Suécia e da Finlândia à Aliança Atlântica é ainda, por outro lado, um "triunfo da NATO", considerou o antigo coordenador do Bloco de Esquerda. Isto porque ambos se tratavam de "países neutrais" que tinham, efetivamente, essa mesma "neutralidade" como principal "força". 

"Só se pode interpretar isto como sendo um descalabre politico para a Rússia, que resulta da guerra na Ucrânia", acrescentou ainda o economista.

Considerando que a Europa está já, neste momento, num contexto de "ameaça total", porque a "Rússia já invadiu a Ucrânia", Louçã disse, no entanto, ser "mais difícil de antecipar" o que poderia acontecer com a Finlândia, "que é o país que tem a fronteira mais vasta com a Rússia".

Perante todo este panorama, "qualquer conflito agora tem menos intermediação possível" - numa altura em que com o "reforço político e militar da NATO" é "naturalmente visto pela Rússia como uma confirmação de agressão e um risco suplementar". 

"Os padrões de confrontação são colocados a um nível mais elevado", tanto "pela NATO nesta fronteira", como "pela Rússia do outro lado", explicou ainda o ex-coordenador bloquista. A "Europa fica mais em risco, havendo menos países neutrais, e a fronteira do conflito estando colada à Rússia", concluiu.

A ponderação sobre uma adesão à NATO, que significará o abandono da política histórica de não-alinhamento dos dois países nórdicos, surgiu no contexto da invasão da Ucrânia pela Rússia, em 24 de fevereiro.

Leia Também: Combustíveis? Louçã fala em "mentira política" ou "insensatez" do Governo

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