O secretário-geral do PCP considerou, esta sexta-feira, "uma contradição insanável" que o Governo "insista em não aumentar os salários para combater a inflação".
Junto à Assembleia da República, no final do percurso da manifestação de trabalhadores da administração pública, organizada pela Frente Comum, Jerónimo de Sousa sublinhou que "há uma década" que aqueles trabalhadores "não veem qualquer aumento significativo nem o acerto das suas carreiras".
"Tiveram a expectativa de que, com o governo do PS em maioria absoluta, isso seria fácil de resolver", acrescentou. "Não, não aceitaram a nossa proposta antes como agora tudo parece indiciar que estas vozes não vão ser ouvidas."
Para Jerónimo, os últimos aumentos já foram "comidos" pelo "aumento brutal da inflação", pelo que é incompreensível que "agora se insista em não aumentar salários para combater a inflação".
"É uma contradição insanável e é por isso que nós achamos que era importante e apresentamos uma proposta para que o Governo vá negociar com os sindicatos uma tabela salarial que corresponda a um sentido positivo de valorização dos salários", afirmou ainda o secretário-geral do PCP.
Numa altura em que "tudo aumenta, desde os combustíveis ao óleo", o líder comunista questiona como é que as pessoas vão fazer em relação ao seu salário e à sua reforma.
"O Governo deveria olhar para aqui e sentir que o seu confronto não vai ser com os partidos que estão aqui sentados na Assembleia, vai ser com a realidade, com as pessoas a quem já falta salário ao fim do mês", indicou.
"Arranja-se milhões e milhões para tanto sítio, particularmente para os grandes grupos económicos, e depois não se encontra uma forma de compensar a valorização do Salário Mínimo Nacional, não se dá resposta a isto", atirou ainda.
Milhares de trabalhadores da administração pública de várias zonas do país concentraram-se hoje cerca das 14h30 no Marquês de Pombal, em Lisboa, e partiram pouco depois rumo à Assembleia da República, em Lisboa, a exigir aumentos salariais.
Os trabalhadores de diferentes setores da administração pública, de várias zonas do país, participam na manifestação nacional "contra o empobrecimento" organizada pela Frente Comum de Sindicatos, afeta à CGTP, que reivindica aumentos salariais de 90 euros, face à atualização de 0,9% para este ano definida pelo Governo.
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