PSD usa lema de Montenegro e critica degradação dos serviços
O Grupo Parlamentar do PSD criticou hoje a "degradação dos serviços públicos", responsabilizando o PS, e pediu aos portugueses que acreditem num "futuro melhor", aludindo ao lema de campanha do novo presidente do partido, Luís Montenegro.
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Política PSD
No período de declarações políticas na Assembleia da República, o deputado social-democrata Ricardo Baptista Leite subiu ao púlpito para referir que no passado fim de semana "milhares de cidadãos" participaram nas diretas dos sociais-democratas, "as quais resultaram na expressiva eleição de Luís Montenegro como o novo líder do PSD, sob o lema 'Acreditar'".
"Acreditar em Portugal. É este o mote orientador do novo líder eleito do PSD, Luís Montenegro, ao qual nós, deputados do maior partido da oposição, damos eco a partir do parlamento para o país", declarou, com o ainda presidente do partido, Rui Rio, sentado numa das filas mais atrás da bancada social-democrata.
A intervenção foi centrada naquilo que o PSD classificou como "degradação dos serviços públicos", com Baptista Leite a defender que "passados sete anos de governação do Partido Socialista" se assiste a uma "degradação sem precedentes".
"Veja-se como o aumento dos preços da eletricidade e dos combustíveis colocam em risco serviços essenciais do Estado. A ausência de medidas do governo para minimizar esse impacto leva a que associações de bombeiros poderão não ser capazes de cumprir funções críticas como o combate eficaz a incêndios e o transporte de doentes", exemplificou.
O deputado referiu ainda dificuldades em vários setores nomeadamente na saúde -- referindo a falta de médicos de família -, na educação ou na justiça, ironizando que, apesar de tudo, "não há autoridade tributária tão eficaz" como a portuguesa.
O social-democrata argumentou que "a pobreza e a falta de ambição não têm de ser o fado de Portugal" e defendeu que "com reformas, visão, liderança e determinação, é possível almejar um Portugal no pelotão da frente da Europa no qual todos os cidadãos podem cumprir o seu potencial" e "um futuro melhor".
Luís Soares, do PS, saudou a eleição do novo presidente do PSD e desejou-lhe os "maiores sucessos", mas logo depois deixou uma 'farpa': "Foram precisos sete anos para voltar a acreditar no futuro, foi aquilo que nos disse. É caso para dizer rei morto, rei posto", disse.
"Esperamos verdadeiramente que seja agora que o PSD se vai reencontrar com a social-democracia e vemos isso hoje com a defesa dos serviços públicos, porque o que temos de memória é precisamente o contrário: é despedimentos na administração pública, é aumento das 35 para as 40 horas, é um conjunto de cortes nos salários não só na administração pública, é aquilo que o senhor dizia, empobrecimento", criticou.
Na resposta, Baptista Leite acusou o PS de não acreditar nos portugueses.
"Quando dizemos que o PS tem uma barreira ideológica que impede o progresso do país, é o facto de não confiarem nas pessoas, nas instituições, nas empresas, não libertarem o potencial que existe no nosso país e que o PSD irá libertar quando um dia voltar a ser governo", vincou.
O líder parlamentar do BE, Pedro Filipe Soares, aludiu a uma célebre frase de Luís Montenegro na altura da governação PSD-CDS, quando era líder parlamentar da bancada e disse que "a vida das pessoas não está melhor mas a do país está muito melhor".
"Eu pergunto-lhe, agora Luís Montenegro, que é novo líder do PSD, vai colocar novamente as pessoas para trás?", perguntou o bloquista.
O deputado único do Livre, Rui Tavares, questionou o PSD sobre a sua "estratégia para um dia regressar à governação", perguntando se este partido equaciona incluir o Chega numa eventual solução governativa, o que gerou protestos da bancada do Chega mas também dos sociais-democratas.
"Eu acho sempre que a piada são os partidos da extrema-esquerda a perguntar sobre a extrema-direita, depois a extrema-direita a perguntar sobre a extrema-esquerda. Nós felizmente temos um jardim muito bonito na parte de trás do palácio de São Bento, podem ir para o recreio, entendam-se entre os partidos extremados. O PSD está é preocupado com o futuro do país", respondeu Ricardo Baptista Leite.
O líder parlamentar da IL deixou uma saudação à eleição de Luís Montenegro e disse esperar "que ela represente de facto a possibilidade de, em conjunto, ser possível construir uma alternativa ao PS".
Pelo Chega, o deputado Pedro Pessanha criticou a posição do PSD face a algumas propostas de alteração do seu partido ao Orçamento do Estado para 2022, que, considerou, "vão ao encontro" de preocupações levantadas pelos sociais-democratas.
Luís Montenegro venceu no sábado as eleições direitas do PSD com 72,48%, a maior diferença de sempre para o segundo classificado em eleições disputadas, Jorge Moreira da Silva, que conseguiu 27,52%. Registou-se uma abstenção de 39,53%, a maior de sempre em eleições do PSD com mais do que um candidato à liderança.
[Notícia atualizada às 18h34]
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