No 'adeus', Rio deseja que Montenegro tenha "êxito no serviço a Portugal"
Rio fez a última intervenção como presidente do PSD, no 40.º Congresso do partido, e afirmou que procurou cumprir "o melhor possível" o seu percurso como líder.
© Lusa
Política PSD/Congresso
Rui Rio fez, esta sexta-feira, o seu último discurso como presidente do PSD e começou por agradecer a todos aqueles que o apoiaram neste percurso, sobretudo nos momentos difíceis, "em que outros optaram por não o fazer".
"Faço questão de ser grato, a quem, com coerência e com dignidade, me ajudou lealmente neste caminho que até hoje percorri e que agora atinge o seu final", sublinhou.
Depois de recordar Zeca Mendonça e António Topa, social-democratas que morreram nos últimos anos, Rio dirigiu palavras ao seu sucessor.
"Sobre ele pesa a responsabilidade de uma tarefa que eu, melhor do que ninguém, conheço as dificuldades que lhe são inerentes", notou, fazendo votos de que Montenegro consiga construir "uma alternativa social-democrata ao Governo do PS, em nome do partido, mas fundamentalmente em nome do interesse nacional".
"Que tenha êxito no serviço a Portugal que agora vai iniciar a partir da liderança da oposição", disse. " E Portugal bem precisa que a ele nos dedicamos com todas as nossas capacidades e toda a nossa coragem", acrescentou, analisando depois o cenário a nível nacional e internacional, nomeadamente a guerra na Ucrânia e as alterações climáticas.
"Os problemas de ordem interna e externa que temos de enfrentar não se compadecem com falta de coragem nem com calculismos táticos que visem obediência a outros interesses que não o interesse nacional", disse.
Olhando para o plano interno, Rio apontou ao "endividamento elevadíssimo ao nível do Estado, das empresas e das famílias", além da "significativa subida das taxas de juro".
“Infelizmente, não adiantará ao BCE adiar por muito tempo o inevitável, porque até a desvalorização do euro face ao dólar é, ela própria, um elemento adicional de agravamento da inflação na Europa", criticou.
O social-democrata dirigiu-se depois ao Governo, ao qual apontou falta de "coragem para reformar e agir".
"É essa falta de coragem para reformar que mais tem atrasado o país e mais tem ameaçado o nosso futuro", apontou.
Depois de enumerar aquelas que considera as falhas existentes, incluindo na Justiça, Rio defendeu que "compete ao poder político agir, repondo a lógica democrática", com "medidas estruturais necessárias".
Não esquecendo o trabalho desenvolvido à frente do PSD - nomeadamente a proposta para revisão da Constituição, a alteração do sistema eleitoral, a descentralização, a reforma da justiça e até "alterar estruturalmente a vida interna" do PSD - Rio reiterou que é preciso "colocar sempre Portugal em primeiro".
O social-democrata aproveitou depois o momento para afirmar que é "um despautério" a ideia que tentam passar na opinião pública de que o PSD "está a definhar", lamentando que o populismo não seja "um exclusivo das forças extremistas".
"É precisamente esse mimetismo de muito fraca criatividade que tem tentado instalar na opinião pública a ideia de que o PSD está a definhar e em dificuldades para evitar o caminho para a sua irrelevância política", criticou.
Para Rio, "estar na política de forma séria e com espírito de missão é defender as suas ideias e as suas convicções, procurando, com nobreza, convencer os outros da sua bondade" e "não é contratar técnicos de marketing a peso de ouro para eles nos mandarem repetir o que o eleitor quer ouvir".
"É precisamente esta forma superficial de estar na vida pública, agravada com uma excessiva obediência à lógica mediática, que tem conduzido o País ao imobilismo reformista, à cobardia política e à degradação cultural e intelectual da intervenção pública - porque, infelizmente, o populismo não é um exclusivo das forças extremistas, nem do mimetismo que caracteriza a maior parte da opinião publicada", considerou.
Rui Rio voltou o final do seu discurso para si.
"Na vida há um tempo para tudo, há o tempo para entrar, para estar e para sair", frisou, considerando que estar na política "de forma digna" passa por "agir com nobreza e sentido ético em cada um dos momentos".
"Procurei cumprir o melhor possível cada uma destas etapas do meu percurso como presidente do Partido Social Democrata. Não é possível percorrê-las sem cometer erros, nem evitar omissões. Mas é fundamental realizá-las tendo sempre em mente os princípios que acabei de enunciar", garantiu.
Rio garante que se preparou a sua saída "sem dramas, sem precipitações e sem truques, com serenidade e sem sentimentos negativos", mas sim "com a preocupação de a ver pelo ângulo mais construtivo e mais maduro".
"Em nome do Portugal, de que todos gostamos mesmo nos seus piores momentos, espero que o PSD prossiga como sempre prosseguiu e vença como sempre venceu. Cá estaremos todos para ter esperança e para acreditar que assim continuará a acontecer", afirmou, usando a expressão "acreditar" que foi o lema da campanha interna do novo presidente, Luís Montenegro.
[Notícia atualizada às 23h42]
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— PSD (@ppdpsd) July 1, 2022
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