PS manifesta-se contra integração dos Transportes Urbanos em Coimbra
Os vereadores do PS na Câmara de Coimbra manifestaram-se hoje contra a internalização dos Serviços Municipalizados de Transportes Urbanos num departamento camarário, considerando que se está a desenhar "um primeiro passo" para a sua privatização.
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Política Câmara de Coimbra
Os quatro vereadores do PS e o presidente da bancada parlamentar socialista na Assembleia Municipal criticaram hoje, numa conferência de imprensa na sede local do partido, a proposta de reestruturação da orgânica da Câmara Municipal, onde está prevista a internalização dos Serviços Municipalizados de Transportes Urbanos de Coimbra (SMTUC) num departamento de mobilidade a ser criado.
Na reestruturação, está "encapotada a extinção dos SMTUC, que não está expressa no programa eleitoral do Juntos Somos Coimbra [coligação que conquistou a maioria do executivo, anteriormente socialista]", sendo uma "traição aos conimbricenses", afirmou a vereadora Regina Bento, que foi, no passado mandato, a presidente do Conselho de Administração daquele serviço municipalizado.
Lendo um comunicado, Regina Bento sublinhou que o atual presidente da autarquia, José Manuel Silva, "ficará na história por ter destruído o serviço público de transportes urbanos de Coimbra".
Para o PS, esta proposta não resolve o problema da carreira dos agentes únicos (motoristas) dos SMTUC, a fundamentação apresentada não demonstra "ganhos de funcionamento", nem poupança no serviço, há riscos na captação de financiamentos comunitários, tornará o funcionamento dos transportes mais opaco, com um retrocesso "em autonomia e flexibilidade".
"Demorará meses a adquirir peças para reparar autocarros, demorará anos a aquisição de novos autocarros, aumentando as imobilizações e degradando o serviço prestado às populações", realçou Regina Bento.
Para os vereadores, "está claramente em marcha" uma estratégia de privatização dos SMTUC.
Questionada pela agência Lusa sobre como é que a medida poderá levar a uma privatização, Regina Bento salientou que as alterações vão aumentar "o número de imobilizações" de autocarros, face a uma gestão "mais burocrática e hierarquizada da Câmara", tornando o serviço prestado pior e acabando por criar "essa inevitabilidade".
Regina Bento sublinhou ainda que é apontada uma redução de 41 trabalhadores associados a este serviço, questionando se o executivo está a preparar um despedimento coletivo de trabalhadores (José Manuel Silva garantiu na quarta-feira que isso não irá acontecer).
Sobre a poupança económica, a vereadora do PS Carina Gomes salientou que, com a atual proposta, será necessário pagar "mais quatro vencimentos de diretores municipais, mais dez de chefes de divisão e mais cinco de chefes de gabinete", face ao aumento previsto de departamentos, divisões e gabinetes na reestruturação de toda a orgânica municipal.
"Para onde vai a poupança?", questionou.
Os vereadores mostraram-se ainda solidários com os trabalhadores dos SMTUC, cuja Comissão de Trabalhadores emitiu na quinta-feira um parecer negativo em relação à internalização dos Serviços, questionando o executivo se os contratos dos funcionários irão vigorar na Câmara de Coimbra "nos mesmos termos e condições de trabalho".
O vereador Hernâni Caniço recordou que a decisão terá de ser aprovada em Assembleia Municipal após ser aprovada na reunião do executivo (onde o Juntos Somos Coimbra tem maioria).
Face à posição minoritária da coligação Juntos Somos Coimbra na Assembleia Municipal, Hernâni Caniço apelou à "união entre forças políticas" representadas naquele órgão para rejeitar a atual proposta do executivo liderado por José Manuel Silva.
A proposta é debatida e analisada esta segunda-feira em reunião de Câmara, indo depois à Assembleia Municipal, marcada para 18 de julho.
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