BE critica "brilharetes" orçamentais para encher ego de ministros
O BE acusou hoje o Governo de aceitar o empobrecimento do país para "fazer brilharetes orçamentais que enchem o ego" de ministros, enquanto o PCP criticou a recusa em taxar lucros excessivos "amealhados à custa dos sacrifícios do povo".
© Lusa
Política Mortágua
No período de intervenções dos partidos no debate na Comissão Permanente da Assembleia da República sobre o aumento do custo de vida, a deputada do BE Mariana Mortágua considerou que "o tempo que o Governo ganhou a insistir na ilusão de uma inflação temporária foi salário perdido para todas as pessoas que foram deixadas à sua sorte pelo Governo".
Reiterando que as medidas de apoio apresentadas pelo Governo para apoiar as famílias face à inflação "são uma ilusão", a bloquista considerou que nem o executivo nem este seu plano podem ser levados a sério.
"O que está em causa não é nenhum esforço financeiro, nem sequer o resultado da prudência orçamental. O que está em causa é um Governo que aceita deliberadamente o empobrecimento para voltar a fazer brilharetes que enchem o ego de muitos ministros, mas esvaziam os serviços públicos e os bolsos de quem trabalha", acusou, questionando se foi para isto que o PS pediu maioria absoluta.
Pelo PCP, partido que pediu este debate, o deputado Bruno Dias considerou que a maioria dos portugueses está a fazer "sacrifícios insuportáveis", enquanto os grandes grupos económicos de diferentes setores conseguem "lucros milionários".
"O Governo sabe perfeitamente que assim é e continua a fazer de conta que nada sabe e que nada vê quanto a essa matéria. Fraseando o poeta: ignorância não é certamente e a incompetência não bate assim. São as opções políticas de quem prefere deixar intocados os interesses do poder económico em vez de defender o interesse nacional", condenou.
Segundo Bruno Dias, o Governo do PS "recusa-se a taxar os lucros autenticamente especulativos e injustificados que estão a ser amealhados à custa destes sacrifícios do povo", questionando o executivo sobre até quando continuará esta impunidade dos grupos económicos.
Pelo Livre, o deputado único, Rui Tavares, considerou que só agora se percebe que a folga orçamental que existia e não era utilizada "estava guardada para fazer um bonito".
"O senhor ministro continua a dizer que quer ter 1,9 de défice no fim do ano. Ninguém lhe vai dar os parabéns pelo défice. Nem Bruxelas, nem Berlim e aqui certamente ninguém", avisou.
Mesmo que o Governo não queira aumentar o défice, então Rui Tavares pede que "avance na cobrança dos lucros excessivos das empresas".
"Hoje seria caso para perguntar onde está o Wally e o mesmo se aplica quer ao senhor ministro das finanças quer às medidas do Governo naquilo que são as respostas reais ao país", afirmou, pelo PAN, a deputada única Inês Sousa Real.
A deputada questionou como é que se combate a crise social ao mesmo tempo que se combate a crise climática se se continua "a estender a mão a mais do mesmo".
"Quem mais lucra e quem mais polui é quem mais é beneficiado pelo Governo", criticou, insistindo na necessidade de taxar os lucros excessivos.
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