Luís Montenegro, presidente do PSD, foi, esta quinta-feira, questionado sobre a sua posição favorável a que o partido Chega tenha um vice-presidente da Assembleia da República. Para o líder da oposição, esta trata-se de uma "questão de regime democrático" e de "normalidade do regime democrático".
"Tive ocasião de, em nome da direção do PSD, dar uma orientação ao grupo parlamentar no sentido de votarmos favoravelmente a proposta que o Chega apresentou para preencher esse lugar de vice-presidente do Parlamento - e da Iniciativa Liberal", frisou Montenegro, detalhando que este último partido "ainda não decidiu apresentar candidatura, mas estamos com igual propósito e igual intenção relativamente às duas candidaturas".
E justificou: "Porquê? Por respeito pela Democracia. Por respeito pelos eleitores portugueses". "Desde o 25 de Abril[de 1974] , desde a Assembleia Constituinte, que a Assembleia da República é composta por um presidente e por quatro vice-presidentes que são correspondentes, representantes, das quatro maiores forças políticas com representação parlamentar. Aqueles que o povo - não fui eu nem o PSD - aqueles que o povo escolheu para o representar", asseverou ainda Luís Montenegro.
O líder da oposição lembrou ainda que o "PSD votou, no passado, os candidatos do Partido Comunista, do Bloco de Esquerda, do CDS, como vota hoje nos do Chega ou do Iniciativa Liberal", por "respeito ao povo português".
Montenegro disse ainda ficar "admirado" por existir "tanta curiosidade em saber qual é a opinião do PSD sobre esta matéria e não se pergunte verdadeiramente a quem tem 'a faca e o queijo na mão, que é o grupo parlamentar socialista". "Só os deputados do grupo parlamentar do Partido Socialista, sozinhos, mesmo sem os do Chega e da Iniciativa Liberal, eram suficientes para eleger toda a mesa da Assembleia da República".
"Não sei qual é o drama, não sei qual é a questão, isto não tem a ver com nenhum tipo de entendimento ou aproximação política ou partidária. Tem a ver com respeito pelas regras do jogo democrático."
"Acho verdadeiramente escandaloso que o grupo parlamentar do Partido Socialista esteja a obstaculizar a constituição da mesa da Assembleia da República, porque não se revê nos partidos que estão à sua Direita - o Chega e o Iniciativa Liberal. Isto é escandaloso e não corresponde à tradição democrática de todo o Parlamento e do PSD em particular", adiantou ainda o presidente do PSD.
Recusando "infantilizar a discussão política", Montenegro desafiou os jornalistas a perguntar ao PS por que motivo "não cumpre as regras da Democracia". "O PS governou com o PCP e o BE e não foi por isso que PSD deixou de viabilizar os representantes desses partidos na mesa da Assembleia", recordou.
De recordar que o líder parlamentar do PSD, Miranda Sarmento, apelou hoje aos deputados sociais-democratas que votem a favor do candidato apresentado pelo Chega a vice-presidente da Assembleia da República, invocando a "prática parlamentar" que atribui esse cargo aos quatro partidos mais votados.
O Chega levará hoje a votos o deputado Rui Paulo Sousa, sendo a terceira vez que este partido apresenta candidato para a vice-presidência da mesa da Assembleia da República, depois de terem sido rejeitados os deputados Diogo Pacheco de Amorim e Gabriel Mithá Ribeiro no início da legislatura.
[Notícia atualizada às 17h21]
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