"O PSD fez um apelo à votação num vice-presidente à Assembleia da República num partido de extrema-direita. (...) Não podemos deixar passar em branco, porque aquilo a que assistimos esta semana na Assembleia da República foi a um cortejo do PSD a um partido de extrema-direita", acusou João Torres.
O secretário-geral adjunto do PS falava em Mangualde, no final da cerimónia de apresentação da Academia Jorge Coelho, lembrando que este apelo ao voto "teve como consequência declarações totalmente contraditórias do líder desse partido e do líder social-democrata, o doutor Luís Montenegro".
"Era muito útil para todos nós portugueses perceber que tipo de estratégia ou de aliança está o PSD a tentar gizar, a tentar desenhar com um partido de extrema-direita", desafiou João Torres.
João Torres afirmou que, para o PS, "preservar os valores democráticos, sobretudo num contexto em que em tantas geografias eles estão ameaçados, e cada vez mais ameaçados, não é uma tarefa de menor importância".
Neste sentido, defendeu que "é uma tarefa absolutamente basilar e essencial para todos os socialistas, porque a preservação, a salvaguarda dos valores democráticos, é porventura, a primeira responsabilidade enquanto militantes, dirigentes, responsáveis políticos em Portugal".
"E essa aproximação do PSD ao Chega, que na verdade já existia ténue, mas escondidamente durante a campanha para as eleições legislativas, e que hoje se está a revelar cada vez mais evidente, merece não apenas uma denúncia efetiva, como uma ação enérgica por parte de todos os militantes do PS", assumiu.
Isto, porque, para o PS, "há uma linha vermelha muito clara entre os partidos que defendem a Constituição, que acreditam nas democracias liberais, e as formações político partidárias que consideram que as democracias liberais são um aspeto negativo".
"E que na verdade, com a sua ação, procuram deteriorar as democracias liberais como aquela que nós vivemos em Portugal. (...) Connosco não passarão, com o PS a extrema-direita não passará em Portugal", assumiu.
João Torres dedicou grande parte da sua intervenção a defender as medidas que o Governo tem aplicado devido à inflação e insistiu na questão das pensões: "Serão mais altas em 2023 do que em 2022 e, em 2024, serão superiores às de 2023".
"É claro que nós podíamo-nos questionar se desejaríamos ter apoios ainda mais robustos, mas a prudência é importante neste momento, porque se há algo que aprendemos também com a crise da 'troika' é que o rigor orçamental (...) é absolutamente essencial", defendeu.
Isto, "para que o PS fique protegido, nos momentos de maior turbulência nos contextos financeiros internacionais, de qualquer ataque especulativo ou mesmo de qualquer situação de maior vulnerabilidade que possa levar a encarar uma circunstância como aquela" que atualmente se atravessa.
A ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, que falou no último painel da tarde, organizado pela Juventude Socialista de Mangualde, para apresentar a academia e fazer um tributo a Jorge Coelho, pautou pelo mesmo registo de prudência e "equilíbrio financeiro".
Ao longo de mais de meia hora apresentou as medidas que o Governo socialista tem tomado desde 2015 e, mais especificamente, nos últimos meses devido à crise provocada pela pandemia de covid-19 e, agora, pela guerra que se vive na Europa, após a invasão da Ucrânia pela Rússia.
"A verdade é que temos conseguido resistir àquela tentação que o sentido de urgência, que é uma coisa importantíssima em política, não se sobreponha também à transformação mais estrutural que precisamos de fazer", destacou a governante.
Numa tarde de tributo ao antigo político natural de Mangualde, que mprreu em abril de 2021, Mariana Vieira da Silva foi explicando o trabalho do Governo com base em "três lições de Jorge Coelho: capacidade de mobilização, coerência e capacidade de concretização".
[Notícia atualizada às 20h24]
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