Rangel diz que PSD não apoiou parte de documento do PPE citado por Costa
O eurodeputado Paulo Rangel demarcou-se hoje das acusações feitas no debate orçamental por PS e primeiro-ministro de que os sociais-democratas estariam a apoiar os "falcões do Banco Central Europeu" na política de aumento das taxas de juro.
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Política OE2023
"Eurico Brilhante Dias e António Costa saberão inglês? O parágrafo do texto citado - e que os eurodeputados do PSD ainda assim não apoiaram - limita o aumento das taxas de juro a três condições", refere o primeiro vice-presidente do PSD, numa publicação na rede social Twitter.
Estas três condições, segundo Paulo Rangel, são "a manutenção das previsões económicas, a proporcionalidade a pensar nas famílias, empresas e impacto na economia" e "a proteção dos juros da dívida pública dos países periféricos como Portugal".
"Costa, Medina e Centeno têm de dizer se subscrevem os critérios deste parágrafo ou se sugerem outro alternativo para combater a inflação", desafiou.
No primeiro dia de debate na generalidade da proposta de Orçamento do Estado para 2023, em resposta ao PS, o primeiro-ministro defendeu que "sucessivas subidas da taxa de juro não contribuem para o controlo da inflação, contribuem para aumentar o risco de recessão nas economias europeias".
"Demonstrámos desde 2015 que a melhor forma de termos contas públicas certas não é com austeridade, é com crescimento, com emprego, com melhores salários. É assim que nós consolidamos a nossa economia e a trajetória de crescimento sustentável que temos mantido. É esse o caminho que vamos manter, recusando esta campanha do PPE, do PPD/PSD para um aumento das taxas de juro por parte do BCE", acrescentou António Costa.
O assunto foi trazido pelo líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, que invocou "um documento de política" do Partido Popular Europeu (PPE), do qual o PSD faz parte, de 29 de setembro, no qual, disse, se "pede ao BCE para manter a determinação em aumentar as taxas de juro".
Eurico Brilhante Dias acusou o PSD de ter uma posição em Portugal e outra em Bruxelas, onde "aprova, dá guarida ao papel da direita mais conservadora" da Europa, "dos falcões do BCE, que quer aumentar as taxas de juro, mesmo que isso coloque em causa o crescimento económico".
O documento, explicou fonte do PSD, saiu das jornadas parlamentares do PPE, em Creta, e, apesar de não ser votado, não teve a concordância dos eurodeputados sociais-democratas portugueses em vários pontos.
Na publicação do Twitter, Rangel partilha parte desse documento, onde sublinha a passagem à qual o PS fez referência e onde se lê, em inglês: "o grupo do Partido Popular Europeu apela ao BCE para manter a determinação em aumentar as taxas de juro enquanto as previsões do BCE se mantiverem inalteradas, ao mesmo tempo que tem em conta a Avaliação de Proporcionalidade. Tomamos nota do lançamento do Instrumento de Proteção da Transmissão (TPI, na sigla original)", uma ferramenta criada para evitar que a subida dos juros prejudique os países mais endividados.
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