Em comunicado, a Direção da Organização Regional de Évora (DOREV) do PCP referiu que a Kemet tem tentado "instituir práticas de gestão dos dias de férias dos trabalhadores em função da flutuação da produção ou de outros constrangimentos".
O mais recente caso de imposição de férias aos trabalhadores aconteceu após "um ataque informático que obrigou à paragem de laboração" na unidade alentejana, assinalou a estrutura comunista.
Numa resposta por correio eletrónico a questões colocadas pela agência Lusa, a administração da fábrica disse que "a Kemet foi alvo de um constrangimento informático que a paralisou a nível global" e que, por esse motivo, teve que "suspender toda a sua atividade" e adotar "medidas de gestão que considerou adequadas".
"Passados dois dias, mesmo sem as condições ideais, retomou a sua atividade e a situação foi-se restabelecendo aos poucos, com a inestimável colaboração e compreensão dos seus colaboradores", limitou-se a adiantar.
No comunicado, a DOREV sublinhou que "as férias são conquista e direito dos trabalhadores e não são da empresa".
"O direito a férias dos trabalhadores tem subjacentes os direitos ao descanso e ao lazer, o que, convenhamos, não se aplica à paragem da laboração", vincou.
Alegando que quando há lucros "não se propõe aos trabalhadores serem incluídos nessa distribuição", os comunistas questionaram o motivo pelo qual "se pede aos trabalhadores, com dias férias ou dias de compensação, que suportem os constrangimentos de funcionamento da fábrica que não são da sua responsabilidade".
O PCP de Évora realçou que o Código do Trabalho determina que "as férias devem ser marcadas por acordo entre o empregador e o trabalhador e, caso esse acordo não seja alcançado, pode o empregador marcar as férias, de forma unilateral, entre os dias 01 de maio e 31 de outubro".
"Como será fácil de apreender, no caso em análise, nenhuma destas situações se verifica, pelo que estamos perante uma imposição de marcação de férias e um gozo de férias forçadas, não estando configurado na lei do trabalho as paragens de laboração por motivos de força maior", acrescentou.
Com cerca de 400 trabalhadores, a fábrica de Évora da Kemet Electronics produz componentes eletrónicos para telemóveis e para a indústria automóvel.
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