Isabel Moreira, deputada do Partido Socialista, apontou o dedo ao secretário de Estado Adjunto, Miguel Alves, que está envolvido num caso em investigação pelo Ministério Público e que tem sido alvo de polémica nas últimas semanas.
"Quando o próprio arguido - em dois processos, aliás - tem a oportunidade de explicar, acha que pode demorar uma semana e depois quando explica, escuda-se num parecer jurídico de um professor, francamente, não é coisa que um eleito possa fazer", começou por disparar a socialista na noite de segunda-feira, na CNN Portugal.
Para Isabel Moreira, as explicações do secretário de Estado Adjunto são "insatisfatórias" e o caso continua "opaco", acusando-o ainda de se "vitimizar" ao "dizer que a Justiça persegue quem não é de uma determinada elite lisboeta e há um preconceito relativamente a Caminha". Um argumento "politicamente insustentável", vaticina a deputada socialista. O 'remédio'? "Demita-se, ou seja demitido".
Moreira aproveitou ainda para deixar claro que este caso não é comparável a outros 'casinhos', nem a outras figuras políticas como, por exemplo, José Sócrates. “Na altura [da prisão preventiva do antigo primeiro-ministro], António Costa esteve bem, porque José Sócrates estava fora do poder”, argumentou, recordando as palavras do primeiro-ministro, que pediu "à justiça o que é da justiça, à política o que é da política".
“Mas nós não podemos dizer isso de um deputado”, ressalvou a socialista, recordando que estes têm “os mesmos direitos de todos os cidadãos”, mas “mais deveres”, porque "representam o povo".
Isabel Moreira fez questão de realçar que Miguel Alves "goza de presunção de inocência", mas "a questão, de facto, alegada é uma questão grave", pelo que é necessário "verdade, explicar, comunicar, não baralhar e tornar tudo num grande saco em que começamos a comparar personagens que não têm nada a ver umas com as outras".
Miguel Alves está a ser investigado pelo Ministério Público por um contrato-promessa que celebrou quando era presidente da Câmara de Caminha, que previa a construção de um Centro de Exposições Transfronteiriço (CET) na quinta do Corgo, em Vilarelho, e que incluiu o adiantamento de 300 mil euros da autarquia ao promotor da construção, que acabou por ser inviabilizada. Além disso, Miguel Alves foi constituído arguido em dois processos por alegados ilícitos económico-financeiros, segundo avançou o Observador.
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