Na sua intervenção perante a Assembleia Política do Partido Popular Europeu (PPE), Luís Montenegro afirmou que o Governo em Portugal demonstra "uma ausência total em promover reformas estruturais".
"Uma ausência que as instituições europeias não têm denunciado, diz alguma coisa sobre como as instituições europeias estão a lidar com a situação atual (...) Há muito tempo que não ouço a Comissão Europeia estar muito preocupada com isso", alertou o presidente do PSD.
Montenegro pediu ainda ao PPE que, "sem tibiezas e com frontalidade", exija a execução das interconexões energéticas entre a Península Ibérica e a França, sobretudo o cumprimento das ligações elétricas já previstas desde 2014 através dos Pirenéus.
"Os governos socialistas de Portugal e Espanha juntaram-se com o presidente francês Macron para uma operação de pura cosmética política. A Europa não precisa nem de mais fotografias, de mais cimeiras, de mais música para os nossos ouvidos, não precisamos de mais palavras, precisamos de ação e que a Comissão Europeia cumpra o que está escrito desde 2014, incluindo as fontes de financiamento do projeto", defendeu.
O presidente do PSD defendeu hoje que o anterior acordo das interconexões "é estratégico para que a Europa não volte a cometer erros como o Nordstream 2".
Finalmente, Montenegro pediu ainda "especial atenção" ao PPE e às instituições europeias para o acompanhamento dos programas de recuperação nacionais, deixando críticas ao Plano de Recuperação e Resiliência português.
"Em Portugal, infelizmente estes instrumentos estão, por um lado excessivamente vocacionados para a esfera do investimento público, às vezes até para suprir as insuficientes dotações da administração pública, em vez de estarem direcionados como deviam para a criação de riqueza e a recuperação do tecido económico", lamentou.
Luís Montenegro salientou que "o próprio Presidente da República já por várias vezes tem alertado o Governo" sobre esta matéria e apontou três problemas ao PRR nacional.
"A execução deste programa está muito atrasada, é baixíssima, está sobretudo direcionado para a parte pública em vez do investimento privado, e falta articulação do PRR com os fundos de coesão 2030", considerou.
Perante a Assembleia Política do PPE, Montenegro salientou o caráter europeísta do PSD, "por convicção" e "por representar o sentimento dominante da sociedade portuguesa".
"Esta nova etapa que iniciámos no PSD em Portugal corresponde a um espírito de colaboração com a direção do PPE. Nós vamos dar, nas próximas eleições legislativas, um novo primeiro-ministro ao PPE na Europa", vaticinou.
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