Na reta final do processo de especialidade do Orçamento do Estado para 2023 (OE2023), os partidos aproveitaram para fazer um primeiro balanço sobre as votações que decorrem desde segunda-feira.
"Podemos dizer com certeza que o Governo sai daqui com um forte compromisso de estudar, avaliar, ponderar. O grande compromisso do Governo depois desta especialidade é estudar", disse Mariana Mortágua, deputada do BE, ironizando as poucas propostas aprovadas pelo PS nos últimos dias.
Para a bloquista, o PS usará a sua "melhor propaganda" para defender o OE2023, utilizando como argumento "uma fraude que os rendimentos vão aumentar, nunca dizendo que vão aumentar ao nível dos preços".
Já antes, o deputado do PSD Duarte Pacheco tinha feito as contas, acusando o PS de ter chumbado 97% das alterações dos outros partidos.
Pelo Chega, André Ventura criticou o "compromisso de não aprovar nenhuma proposta" do seu partido, considerando, no entanto, que "no fim do dia todos os portugueses percebem que há uma única oposição" ao Governo do PS, que é o Chega.
Ventura condenou também "os apêndices", atuais e antigos, do Governo na aprovação do orçamento, atirando ao "rolo compressor" da maioria absoluta.
Deixando claro que "um orçamento que nasce socialista nunca vai ficar liberal", o líder parlamentar da IL, Rodrigo Saraiva, criticou as opções orçamentais do PS porque "tira poder e liberdade às pessoas".
Para Rodrigo Saraiva, não é pela aprovação das poucas medidas da oposição que o OE2023 muda: "não é por causa destes pequenos aditivos que este orçamento vai sair daqui turbinado".
Pelo Livre, Rui Tavares considerou surpreendente que não se fale sobre o contexto mundial e europeu na discussão do orçamento, defendendo sobre as suas propostas que "até ao lavar dos cestos é vindima" e por isso espera que até ao final da especialidade muitas das suas medidas sejam aprovadas.
Foi a ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, e a deputada do PS Jamila Madeira a quem coube defender o orçamento.
"Respeitar a democracia e respeitar esta casa é assumir os resultados eleitorais e assumir que uma maioria absoluta nunca para o PS e para o Governo será um rolo compressor, mas sim um estímulo ao diálogo e às pontes", afirmou a governante.
Assegurando que o Governo "não ignora os tempos difíceis" a proposta orçamental que apresentou, Ana Catarina Mendes defendeu que o que os portugueses exigem é que se continue "a proteger os rendimentos e o emprego".
Na opinião da ministra, "este é um bom orçamento no reforço do Estado Social".
"Teremos sempre divergência com algumas bancadas, mas não podem acusar o Governo de não querer dialogar", rematou.
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