"PS governa país sempre na perspectiva de olhar apenas para dia seguinte"
Luís Montenegro esteve, esta sexta-feira, reunido com o chefe de Estado.
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Política PSD
O presidente do Partido Social Democrata começou por dizer que o Governo não aproveitou nem o tempo anterior à guerra nem a altura da pandemia de Covid-19 para preparar Portugal para "momentos difíceis" como o atual. "2022 foi um ano muito difícil, em que se viu no dia a dia das pessoas o efeito da falta de capacidade transformadora e reformista do Governo", considerou.
"Partido Socialista governa Portugal sempre com perspetiva de governação à vista, a olhar apenas para o dia seguinte", considerou Luís Montenegro.
O social-democrata referiu ainda, em declarações no Palácio de Belém, que a atuação do Governo se tem refletido "em vários domínios", nomeadamente, naquilo que considera "a incapacidade de suster aquilo que são as deficiências da prestação de serviços na área da saúde, educação, cultura, desporto". "Aquilo que são as insuficiências de criar condições para que a nossa economia gere riqueza", apontou, acrescentando que desta forma poderiam ser pagos "melhores salários".
Montenegro disse ainda que é no âmbito desta governação "à vista" que por vezes assuntos que parecem pequenos - "mas são de dimensão enorme" - fica de lado.
Está tudo à espera do dinheiro do PRR, que o Governo não consegue fazer chegar à realidade prática do dia a dia"Como por exemplo os bombeiros", exemplificou, referindo que da sua experiência em "correr todo o país" - e não só - foi algo que partilhou na reunião anterior, com Marcelo Rebelo de Sousa. "Considero uma imoralidade que o Governo não pague, nem através do Ministério da Saúde às corporações de bombeiros os transportes de bombeiros não urgentes, nem tão pouco pague as despesas extraordinárias que os bombeiros tiveram na época de incêndios no verão passado", notou.
Montenegro reforçou a ideia de que o Executivo não governava a "pensar no futuro" e que havia um elemento elucidativo desta posição governativa. "A presa com que o Governo e sua bancada parlamentar quiseram, quase de um dia para o outro arrumar instrumentos legislativos que deviam ter sido programados e executados ao longo de todo o ano. E é isso que acontece com a execução de fundos do PRR", notou.
"Estamos com baixíssima taxa de execução - o Presidente da República também tem alertado o país e o Governo acerca disso", afirmou.
O principal líder da oposição sublinhou ainda que aquilo que tem ouvido dos seus encontros com responsáveis em hospitais ou universidades é que "está tudo à espera do dinheiro do PRR, que o Governo não consegue fazer chegar à realidade prática do dia-a-dia" das empresas, mas também das instituições.
Eutanásia, a relação com Marcelo a polémica de 'Costa vs Costa'
Montenegro explicou ainda que também esteve em cima da mesa na qual se sentou com Marcelo o assunto da Eutanásia, que deverá ser despenalizada em Portugal depois de o diploma ter tido 'luz verde' no Parlamento, mas que ainda terá que ser promulgado pelo Chefe de Estado - a quem algumas organizações já pediram para colocar um travão.
"O Presidente está ainda à espera para o poder apreciar e nós trocámos algumas impressões sobre isso - apenas reiterei aquela que é a minha visão dessa temática e que é conhecida", afirmou, dizendo não concordar com a despenalização da morte medicamente assistida.
"Tive mais uma oportunidade pode partilhar com o Presidente da República as preocupações que temos no PSD sobre a incompetência do Governo em resolver problemas estruturais do país", afirmou, falando ainda da influência que outros assuntos - considerados "ruído" - podem ter na governação, afetando membros do governo e incluindo o primeiro-ministro.
Questionado, entretanto sobre a possível intervenção de António junto do Banco de Portugal, Montenegro foi peremtório: "Esse em particular, as considerações do ex-governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, foi da responsabilidade do primeiro-ministro. Foi a sua eventual intervenção, intromissão, no funcionamento independente do Banco de Portugal e a falta de resposta".
O social-democrata lembrou que hoje fazem "30 dias" desde que o PSD enviou perguntas acerca desta eventual intromissão de Costa - polémica que envolve também Isabel dos Santos -, e que ainda estão por responder. Questionado sobre até quando é que o partido que lidera vai esperar pelos esclarecimentos, Montenegro não hesitou em responder.
"O primeiro-ministro já teve tempo mais do que tempo para cumprir os 30 dias regimentais", lembrou, aludindo ao envio das respostas. "Para quem desvalorizou tanto essas imputações como primeiro-ministro fez na altura em que foram públicas, seja preciso tanto tempo para responder. Já houve mais do que tempo. Aguardaremos [...]", afirmou, confessando que "nem lhe passa pela cabeça" que Costa não esclareça a questão.
Montenegro concluiu ainda que a relação dele com o chefe de Estado é "impecável" do ponto de vista institucional. "O PSD tem interesse e obrigação de cooperar com a Presidência da República. É o que tenho feito, naturalmente, sabendo que o Presidente tem uma função no sistema política, e nós como partido político temos outra. Não preciso do Presidente para cumprir a minha", referiu, acrescentando que também Marcelo Rebelo de Sousa é independente das funções levadas a cabo pelo partido, que é também o seu.
[Notícia atualizada às 15h39]
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