Moção de censura da IL. PS compara PSD a "tolo no meio da ponte"
O PS acusou hoje o PSD de adotar no debate da moção de censura da IL ao Governo uma postura de "tolo no meio da ponte", com os sociais-democratas a defenderem a abstenção como uma posição "muito responsável".
© Global Imagens
Política AR/Censura
Na fase final do debate parlamentar, os socialistas Marcos Perestrello e Francisco César apontaram baterias ao PSD, que se irá abster, enquanto IL e Chega votarão a favor.
O ex-dirigente socialista e antigo secretário de Estado Marcos Perestrelo disse considerou que "não bate a bota com a perdigota", ao ouvir as intervenções do PSD e o "retrato catastrófico que faz do país e do Governo", acusando ainda o partido de não ter uma posição clara em matérias estruturantes como a TAP, o aeroporto ou até a eutanásia.
"Não me surpreende, por isso, que na discussão desta moção de censura, mais uma vez o PSD não é capaz de tomar posição, nem sim nem não. Não são alternativa, nem deixam de ser, é sempre assim assim, fogem da responsabilidade como o diabo da cruz (...) O PSD que já foi um partido importante no Governo e na oposição, o PSD hoje é o tolo no meio da ponte, não sabe se vai para lá ou para cá", acusou.
Na resposta, o vice-presidente da bancada do PSD Paulo Rios considerou "absolutamente indigente" que, no debate da moção de censura ao Governo, "o PS adote a estratégia de vir perguntar quais são soluções do PSD".
"Porque é que o PSD vota assim? A abstenção não é um sim nem não, é uma forma de votar muito responsável", defendeu, lembrando que a Constituição da República até impede a dissolução do parlamento nos primeiros seis meses.
Paulo Rios de Oliveira justificou que, ao fim de nove meses, o PSD entende que "um Governo de maioria absoluta deve ter a oportunidade de se reformar", ironizando que "só pode melhorar".
"O PSD não tem necessidade de dar prova de vida, de ser populista, estamos a construir uma alternativa, seremos alternativa logo que o povo português decida", afirmou.
Logo em seguida, o vice-presidente da bancada socialista Francisco César insistiu no tom e acusou o PSD de ter "um papel serviçal" entre os partidos da direita.
"Dizem que não são um partido de protesto, mas pouco mais fazem do que protestar, já assim foi com Rui Rio, mas assim continua com Luís Montenegro. Nos Açores estão nas mãos do Chega e da IL, na Assembleia da República estão no rasto dos mesmos", criticou.
Francisco César chegou a agradecer à Iniciativa Liberal esta moção de censura ao Governo: "A votação provará o que a IL e as oposições não queriam que fosse provado, que as oposições não sabem o que querem e que o Governo dispõe de uma maioria sólida e estável no parlamento e o PS está unido para defender o Governo e o país".
O secretário-geral adjunto dos socialistas, João Torres, subiu ao púlpito num discurso no qual frisou que "a resposta do PS perante as crises é diametralmente diferente da resposta da direita" e que "perante as crises, o PS respondeu e continuará a responder com solidariedade".
"Alguém acredita que a direita é hoje uma alternativa? Que saberia gerir melhor uma crise? Alguém acredita que a opção da direita seria a solidariedade e a devolução de rendimentos? Esta moção de censura, como hoje se prova neste debate, foi apenas e só um ato irresponsável e um ato inconsequente", atirou à IL.
Numa outra intervenção, o deputado e candidato à liderança da IL Rui Rocha acusou o Governo de já não conseguir recrutar membros para o executivo fora da "bolha da intimidade" e recorreu a um programa televisivo de decoração, "Querido, mudei a casa" e a um seu antigo apresentador, para deixar uma imagem.
"O senhor primeiro-ministro já não tem um programa de Governo, tem um programa de remodelação (...) O senhor tornou-se o Gustavo Santos da remodelação governamental, a questão é que no 'Querido, mudei a casa' a equipa entra e no fim a casa está nova. O seu programa é o 'Querido, piorei a casa'", disse.
Momentos depois o deputado liberal Bernardo Blanco recuperou a acusação do primeiro-ministro à IL de estes dirigentes serem "queques que guincham" e perguntou a António Costa, em trocadilho: "O 'quéque' ainda está a fazer como primeiro-ministro?".
Pelo PCP, a líder parlamentar Paula Santos defendeu que "o que deve ser censurado é a política de direita, protagonizada por PS, PSD, CH, IL e CDS" e que os comunistas se opõem "às opções políticas do Governo PS, tal como às opções da Iniciativa Liberal", justificando o voto contra a moção.
Para a dirigente comunista, "o discurso do Governo não tem correspondência com a realidade concreta".
"Um ano depois a vida comprovou que o PS queria a maioria absoluta para se libertar dos condicionamentos do período anterior (esse sim, permitiu repor rendimentos e direitos e registou avanços, resultado da intervenção do PCP). O PS queria ver-se livre dos "empecilhos" como denominou, para prosseguir a política de favorecimento dos grupos económicos (...)", frisou.
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