"Não tenho memória de um ambiente político como este", diz ex-ministro

O responsável pela pasta das Finanças entre 2005 e 2011 comentou a mais recente demissão do Governo. Apesar de apontar aspetos positivos ao Executivo de António Costa, Fernando Teixeira dos Santos defende que só a luta contra algumas fragilidades pode "tranquilizar os portugueses".

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Teresa Banha
06/01/2023 08:29 ‧ 06/01/2023 por Teresa Banha

Política

Fernando Teixeira dos Santos

O ex-ministro Fernando Teixeira dos Santos comentou, na quinta-feira, a instabilidade política que se tem vivido em Portugal, nomeadamente, em relação à última polémica, relacionada com a agora ex-secretária de Estado da Agricultura, Carla Alves, que esteve quase 26 horas no cargo - que tem várias contas conjuntas arrestadas devido a uma investigação em que o marido, ex-autarca de Vinhais, está envolvido.

"Estes episódios são inéditos. Não tenho memória de um ambiente político como este que temos vivido ultimamente no país. Se calhar, só no tempo do PREC [Processo Revolucionário em Curso] é que vivemos momentos de instabilidade - em termos governativos - como este que estamos a viver", referiu o antigo governante no seu espaço de comentário na CNN Portugal

Em relação às polémicas - que já fizeram cair tanto secretários de Estado como ministros -, o antigo governante afirma ainda que ficou surpreendido com o que se tem vindo a passar, acreditando que não é o único. "Todos ficámos surpreendidos com os desenvolvimentos, principalmente, os mais recentes e do dia de hoje, relativamente à solidez do Governo e àquilo que deve ser a credibilidade e a confiança que deve merecer dos portugueses", frisou, classificando que esses sinais são não só "negativos", como "preocupantes".

O antigo responsável pela pasta das Finanças entre 2005 e 2011 reconheceu, no entanto, que o Governo de António Costa não está só  'manchado' por estas situações, clarificando que também há "aspetos positivos na forma como o país foi capaz de resistir aos problemas de 2022" - Teixeira dos Santos referia-se não só à posição do Executivo face à guerra, como também no que diz respeito à inflação e, consequentemente, no crescimento económico.

"Sob ponto de vista financeiro, não colocou o país numa situação de risco em termos dos indicadores orçamentais de evolução da dívida", apontou. 

Apesar de reconhecer estes aspetos positivos, Teixeira dos Santos não hesitou: "O primeiro-ministro não se pode fechar neste discurso". 

"Apesar de aspetos positivos, há aspetos preocupantes na vida portuguesa, que afetam os portugueses e que têm a ver com a vida portuguesa", continuou, referindo-se a temas como a educação ou saúde, que "têm que ser garantidos".

Reforçando o que já tinha defendido, o comentador acredita ser necessário enfrentar estas "fragilidades", assim como "definir objetivos" - e que apenas isso pode "tranquilizar os portugueses".

E 'soluções'?

Dado que na sua opinião esta é uma questão "fundamental" para ultrapassar, Teixeira dos Santos aponta ainda duas coisas que são precisas fazer - defendendo ainda que Marcelo, "melhor do que ninguém", já "colocou o dedo na ferida".

A primeira prende-se com um eventuais mecanismos de sistemas de avaliação de pessoas que são chamadas a cargos públicos. "Como um gestor bancário está sujeito ao escrutínio do Banco de Portugal e a teste de idoneidade", exemplificou, frisando que Costa esteve "perto" desta ideia no debate de quarta-feira, e e cujo 'esboço' já foi enviado para o Presidente da República.

Por último, Teixeira dos Santos refere ainda que deverá ser feita uma espécie de autoavaliação, já que eventual omissão desta informação por parte da secretária de Estado o chocou. Questionando-se como  é que dado o ambiente político que se sente ultimamente, alguém "não tem consciência da situação em que está" e também não chama a atenção a quem convida. "Há um exercício de autoescrutínio que também tem que ser feita pelas pessoas que são convidadas. Tenho dúvidas de que isso tenha acontecido", rematou.

Leia Também: "Inevitabilidade" e "artistices". As reações à demissão de Carla Alves

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